DÍZIMO
O Dízimo Escrever sobre o dízimo é como mexer em ninho de vespas, principalmente nos dias atuais, em que a igreja está com um pé na teologia da prosperidade e o outro nas tradições judaicas, mais apegada a lei e as maldições da Velha Aliança do que na graça da Nova Aliança e entende que entregar o dízimo é sinônimo de fidelidade, proporcionando ao dizimista um tratamento diferenciado.
Assunto polêmico que divide opiniões. Tabu para uns, inquestionável para outros, exigência de Deus para alguns e fonte de lucro para tantos e para muitos uma exigência da Lei, portanto abolido na Nova Aliança. O ensino predominante diz que o ato de dizimar é exigido por Deus, mesmo para os cristãos que vivem debaixo da graça, pela aliança estabelecida por Jesus Cristo, portanto sujeitos as bênçãos e as maldições da lei.
Afinal, quando se fala em dízimos, está se falando de qual forma de dízimar? O que dizem os Testamentos? No Velho Testamento encontramos referencia a dois tipos antes da lei e quatro depois da lei.
Antes de se tornar uma ordenança no Sinai (levíticos 27:30-32; Números 18:21-24), ocorreu apenas duas vezes e de forma voluntária, as referencias são sobre os dízimos de Abraão e o de Jacó.
Abraão deu o dízimo do despojo de guerra quando resgatou seu sobrinho Ló (Gênesis 14:16-20), a Bíblia mostra claramente que Abraão não foi obrigado a dar esse dízimo, e tampouco Abraão dízimou do fruto da Terra, foi somente do despojo de guerra e não proveio de seu patrimônio pessoal (hebreus 7:4). A entrega a Melquisedeque ocorreu apenas uma vez e não há relatos que tenha se tornado uma prática na vida de Abraão. O dízimo de Abraão não é mencionado em mais nenhuma outra parte da Bíblia.
No caso de Jacó, lemos o seguinte: “Fez também Jacó um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta jornada que empreendo, e me der pão para comer e roupa que me vista,de maneira que eu volte em paz para a casa de meu pai, então, o SENHOR será o meu Deus;e a pedra, que erigi por coluna, será a Casa de Deus; e, de tudo quanto me concederes, certamente eu te darei o dízimo” (Gênesis 28:20-22). Percebe-se claramente que Jacó fez um voto de que se Deus fosse favorável à ele, ofereceria o dízimo. Não se vê também neste caso nenhuma ordem explicita para que Jacó dizimasse, tratando-se de uma promessa de Jacó para Deus. Não há nenhum relato posterior que ele tenha cumprido a promessa e de fato dizimado, observa-se apenas sua promessa, seu compromisso de entregar o décimo de tudo que viesse a obter daquele momento em diante.
Outra questão importante, é o fato de que tanto Abraão como Jacó não tinham um sacerdote para manter, nem onde entregar os dízimos, durante as suas peregrinações.
Com a lei, foi instituída a obrigatoriedade de o povo Judeu dizimar. Há na lei quatro propósitos diferentes. Biblicamente, o dízimo pertencia aos levitas (Números 18:21-23), mas também para se fazer um festival ao Senhor (Deuteronômio 14:22-27) e a cada terceiro ano, para os levitas, órfãos, viúvas e estrangeiros, os quais comiam o dízimo ajuntado dentro das suas portas (Deuteronômio 14:28-29), e finalmente o dízimo dos dízimos que era ofertado pelos levitas, para mantimento e manutenção dos sacerdotes (Números 18:26-28).
Uma vez que todos os levitas foram separados para o trabalho na tenda da Congregação, para auxilio no ministério sacerdotal e não possuíam herança nem terras para plantio, Deus dá as outras onze tribos, a incumbência do sustento dos levitas, e a forma possível de acontecer foi com a criação do dízimo, que era uma forma de imposto.
Como eram entregues os dízimos? em forma de alimentos ou dinheiro? Não há nenhum relato bíblico que o dízimo obrigatório na lei de Moisés poderia ser ouro, prata, moeda, dinheiro, etc. Dízimo no Velho Testamento foi apenas alimento do campo, vegetal ou animal (Levíticos 27:30-32) apesar de a bíblia nos mostrar que já havia metais preciosos como moeda corrente. Os irmãos de José o venderam aos mercadores por trinta moedas de prata (Genesis 37:28), e Abraão no seu tempo comprou uma sepultura para sua esposa por quatrocentos ciclos de prata (Gênesis 23:16).
O conteúdo do dízimo está descrito em oito livros desde Levíticos até Lucas, e jamais incluía dinheiro, prata, ouro ou qualquer outra coisa, além de alimento embora já existisse dinheiro.Os dízimos bíblicos eram sempre e somente em alimento proveniente das fazendas e rebanhos dos israelitas que vivessem dentro das fronteiras da Terra Santa. A fartura provinha de Deus e não da manufatura ou habilidade do homem. Portanto é falso o ensino, quando afirmam que os dízimos eram entregues em alimento porque na época não existia dinheiro ainda. Abrão e Moisés já lidavam com dinheiro.
“Então, Moisés tomou o dinheiro do resgate dos que excederam os que foram resgatados pelos levitas. Dos primogênitos dos filhos de Israel tomou o dinheiro, mil trezentos e sessenta e cinco siclos, segundo o siclo do santuário. E deu Moisés o dinheiro dos resgatados a Arão e a seus filhos, segundo o mandado do SENHOR, como o SENHOR ordenara a Moisés” (Números 3:49-51).
Quando o local escolhido para sacrificar ao senhor fosse longe e consistisse dificuldade para levar o dízimo, Deus permitiu que se vendesse os dízimos e levassem o dinheiro da venda para compra de novos alimentos e lá pudessem se alegrar com sua família ( Deuteronômio 14: 24-26).
Para os israelitas, o dízimo tinha uma função específica e era usado de maneira totalmente diferente da forma que é pregada nos dias atuais. Os levitas que recebiam o dízimo nem sequer eram ministros ou sacerdotes, eram apenas servos dos sacerdotes. Em Números 3 descreve os levitas como sendo carpinteiros, fundidores de metal, artesãos de couro e artistas, que mantinham o santuário, os levitas também foram peritos artesãos, os quais inspecionavam as obras do Templo. Vinte e quatro mil deles trabalhavam no Templo como construtores e supervisores; seis mil eram oficiais e juízes; quatro mil eram guardas e quatro mil eram músicos. Os levitas usavam o dízimo para sustento próprio enquanto serviam aos oficiais, juízes, coletores de impostos, tesoureiros, guardas do Templo, músicos, padeiros, cantores e soldados profissionais (1Crônicas 12:23,26; 27:5), o dízimo da Antiga Aliança era motivado e exigido por lei, não pelo amor.
A Casa do Tesouro o que era? As traduções da bíblia com edições mais antigas se referem à casa do tesouro como celeiros do Senhor. Uma vez que os dízimos eram entregues sempre e somente em alimentos, nada mais correto do que o uso dessa expressão. As câmaras da casa do tesouro eram grandes depósitos que serviam a estocagem e posto de coleta de alimentos dos levitas. O Templo e a casa do tesouro foram destruídos na ocasião da invasão de Jerusalém no ano 70DC, mesmo período do início da perseguição dos cristãos e nunca mais foram reconstruídos. Não existe nenhuma referencia no Novo Testamento que de margem a interpretação de que as igrejas (Instituições/Templos) de hoje simbolizam o templo do Velho Testamento, e por isso representam a casa do tesouro, até porque no Antigo Testamento, o judeu era um só povo e existia somente um templo e uma casa do tesouro, muito diferente da atualidade, onde existem várias tipos de denominações com ritos e crenças distintas e formas diferenciadas quanto ao uso do dízimo.
O templo, local que nos reunimos hoje, não é igreja e tampouco a casa de Deus, é apenas um edifício feito para reuniões, para que a igreja verdadeira, que somos nós, adore a Deus de forma coletiva. Após o sacrifício de Jesus, o véu do santuário se rasgou: “E o véu do santuário rasgou-se em duas partes, de alto a baixo” (Marcos 15:38) e hoje, cada cristão é um santuário onde habita o Espírito Santo: “Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (I Coríntios 3:16) “O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas” (Atos 17:24). Jesus nunca fundou uma igreja física, pois a verdadeira igreja é espiritual.
Malaquias 3:10 é o texto mais usado para justificar a coleta dos dízimos, foi escrito pelo menos quatrocentos anos antes de Cristo, faz referencia a nação de Israel e principalmente traz sentença contra os sacerdotes corruptos.
“Sentença pronunciada pelo Senhor contra Israel, por intermédio de Malaquias” (Mal. 1:1)
“Ofereceis sobre o meu altar pão imundo e ainda perguntais: Em que te havemos profanado? Nisto, que pensais: A mesa do SENHOR é desprezível. Quando trazeis animal cego para o sacrificardes, não é isso mal? E, quando trazeis o coxo ou o enfermo, não é isso mal? Ora, apresenta-o ao teu governador; acaso, terá ele agrado em ti e te será favorável? – diz o SENHOR dos Exércitos.” (Malaquias1:7-8)
“Agora, ó sacerdotes, para vós outros é este mandamento. Se o não ouvirdes e se não propuserdes no vosso coração dar honra ao meu nome, diz o SENHOR dos Exércitos, enviarei sobre vós a maldição e amaldiçoarei as vossas bênçãos; já as tenho amaldiçoado, porque vós não propondes isso no coração” ( Malaquias 2:1-2) Quanto a Malaquias 3, notamos que Deus manda trazer os “DÍZIMOS” para as câmaras do depósito do templo, para que haja “comida” ( alimento, ou mantimento ) em minha casa, para alimentar os levitas e os sacerdotes. “Por vossa causa, repreenderei o devorador, para que não vos consuma o fruto da terra; a vossa vide no campo não será estéril, diz o SENHOR dos Exércitos.” (Malaquias 3:11)
O Devorador, que no contexto era uma espécie de gafanhoto que em forma de praga destruía as plantações trazendo fome e grande prejuízo ao povo. Infelizmente, como forma de coação, o gafanhoto até então um pequeno inseto, foi literalmente transformado em um demônio pela igreja atual, uma categoria de demônio que destrói as finanças daqueles que não entregam o dízimo. Os pregadores atuais defensores do dízimo para os cristãos, sempre se utilizam do texto de forma distorcida com objetivo de aumentar a arrecadação e usam Malaquias 3:11 para passarem uma mensagem de destruição financeira aos seus ouvintes se os mesmos não forem dizimistas fiéis.
Importante ressaltar que no Antigo Testamento, a aliança que vigorava era baseada na obediência. Se o povo fosse obediente às leis de Deus seriam abençoados. Essas bênçãos eram mandadas em forma de paz e boas colheitas e prosperidade. Se fossem desobedientes, seriam amaldiçoados. Falta de paz e colheitas ruins estavam em vista aqui. (Deuteronômio 28). Em uma das ameaças de maldições em suas colheitas, que Deus mandou ao povo através do profeta Joel, vemos que: “O que deixou o gafanhoto cortador, comeu-o o gafanhoto migrador; o que deixou o migrador, comeu-o o gafanhoto devorador; o que deixou o devorador, comeu-o o gafanhoto destruidor.” (Joel 1:4). Uma maldição que tinha em vista a destruição da lavoura.
Biblicamente, devorador nunca foi demônio, e sim, gafanhotos, que Deus enviava como pragas a terra para castigar o povo, e estes gafanhotos, Deus os chamavam de “O meu grande exercito” (Joel 2:22-27) …”repreenderei o devorador ” significa… espantarei a praga do meio da vossa plantação.
Não há nenhuma possibilidade de um cristão ser vítima do “devorador” (demônio) por não ser dizimista, pois nenhuma maldição do Velho testamento pode atingir aos cristãos da nova aliança em Jesus ( Gálatas 3:13 ).
“Roubará o homem a Deus? todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? nos dízimos e nas ofertas alçadas. Com maldição sois amaldiçoados, porque me roubais a mim, vós, toda a nação.” (Malaquias 3: 8-9)
“Porque tive fome, e não me destes de comer, tive sede, e não me destes de beber; Sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e enfermo, e na prisão, não me visitastes. Então eles, também, lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos? Então lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim.” (Mateus 25:42 a 45)
O Dízimo, pela lei pertencia ao levita, de acordo com Jesus em Mateus 25: 42 a 45, tudo que fazemos, ou deixamos de fazer ao próximo, estamos fazendo a Deus. A nação de Israel parou de entregar os dízimos que pertenciam por direito ao levita, de certa forma estavam roubando os levitas e eles estavam passando necessidades com isso abandonaram os ofícios no templo e saíram ao campo em busca de trabalho para o sustento próprio e de suas famílias, dessa forma ao se roubar os levitas, o povo estava indiretamente também roubando a Deus.
“Também entendi que o quinhão dos levitas se lhes não dava; de maneira que os levitas e os cantores, que faziam a obra, tinham fugido cada um para a sua terra. Então contendi com os magistrados, e disse: Por que se desamparou a casa de Deus? Porém eu os ajuntei, e os restaurei no seu posto. Então todo o Judá trouxe os dízimos do grão, e do mosto, e do azeite, aos celeiros.” (Neemias 13: 10 – 12).
Até agora vimos a pratica do dízimo no Velho Testamento.
Jesus pregou que o cristão da nova aliança deve dizimar? Muitos afirmam que sim, e que está bem claro em Mateus 23:23.
A Nova Aliança não teve seu início com o nascimento de Jesus, mas com a sua morte (Gálatas 3:19, 24, 25; 4:4). O dízimo não é ensinado na igreja, depois do calvário. Quando Jesus falou sobre o assunto em Mateus 23:23, Ele estava simplesmente ordenando a obediência às leis da Antiga Aliança que estavam em vigor durante sua vida, a qual ele endossou e obedeceu até chegar ao Calvário, não existe um único texto do Novo Testamento que ensine a dizimar após o período do Calvário. De acordo com o livro de Atos 2:46, os cristãos judeus continuavam a adorar no Templo. E conforme Atos 2:44 e 4:33,34, os líderes da igreja compartilhavam igualmente o que recebiam com todos os membros da igreja.
Da mesma forma o capítulo 7 de Hebreus é apenas citação do Antigo Testamento, onde fala do sacerdócio de Melquisedeque. Hebreus diz: ” E os que dentre os filhos de Levi receberam o sacerdócio tem ordem, segundo a lei, de tomar os dízimos do povo, isto é, de seus irmãos, ainda que tenham saído dos lombos de Abraão” (Hebreus 7:5)
A lei foi dada por intermédio de Moisés, ao povo, direcionada aos filhos de Levi, especificamente aos que receberam sacerdócio para trabalhar nas tendas das congregações (montagem e desmontagem de tendas no deserto), os quais tinham ordem, segundo a lei de receber os dízimos dos seus irmãos. “De sorte que, se a perfeição fosse pelo sacerdócio Levítico (porque sob ele o povo recebeu a lei), que necessidade se havia logo de que outro sacerdote se levantasse, segundo a ordem de Melquisedeque e não fosse chamado segundo a ordem de Arão? Porque mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança na lei. “(Hebreus 7:11-12)
A lei dos dízimos foi direcionada especificamente aos filhos de Levi, aos que receberam o sacerdócio e não havendo mais “Levitas”, nem “templo”, nem sacerdote a oferecer sacrifícios, pois O Salvador já o fez, logo, não se aplica aos crentes de hoje.
Afirmar que os dízimos são necessários para manter a igreja e sustentar a obra missionária não tem fundamentação no Novo Testamento. O apóstolo Paulo estava entre os que insistiam em trabalhar com as próprias mãos pelo seu sustento (Atos 18:3; 1Tessalonicenses 2:9-10; 2Tessalonicenses 3:8-14). Embora ele não tenha condenado os que recebiam sustento pela obra em tempo integral, também não ensinou que tal sustento fosse ordenado por Deus, para difusão do Evangelho. (1 Coríntios 9:12). Em Atos 20:29, 35 e também em 2 Coríntios 12:14, ele até mesmo encoraja os anciãos da igreja a trabalharem para manter os necessitados da igreja.
Para Paulo, a expressão “viver do evangelho” significava “viver segundo os princípios da fé, do amor e da graça” (1 Coríntios 9:14). Mesmo entendendo ter “direito” a alguma ajuda, ele preferia crer que a “liberdade” de pregar o evangelho era mais importante, a fim de cumprir a sua vocação (1 Coríntios 9:15; 11:7-13; 12:13,14; 1 Tessalonicenses 2:5-6). Enquanto trabalhava como construtor de tendas (atos 18:3), aceitou uma certa ajuda, porém se gloriava de que o seu pagamento ou salário era o fato de poder pregar livremente, sem se tornar um fardo para os outros (1 Coríntios 9:16-19).
Em nenhum lugar de Atos e mesmo em suas epístolas, vemos o apóstolo Paulo orientando alguém a dizimar nem recebendo dízimos dos cristãos, a igreja primitiva não tinha o dízimo como uma doutrina cristã e inquestionável como se vê hoje nas igrejas que dizem seguir fielmente as Escrituras.
Paulo deixou claro que os que pregavam o evangelho tinham todo o direito de serem supridos com as ajudas e doações voluntárias dos cristãos (I Coríntios 9:11 e 14, Filipenses 4:18 ), mas nunca disse que seria dos dízimos! Sequer há mandamento seja do Senhor Jesus ou de seus apóstolos que os cristãos devessem entregar seus dízimos nos “templos” que hoje conhecemos como igreja, Jesus nunca fundou uma igreja física, nem ordenou que se fizessem construções para ali os seus seguidores se reunirem! Se o dízimo fosse tão necessário e importante como querem fazer parecer, teria o apóstolo Paulo esquecido de mencionar algo tão importante? claro que não, pois ele foi categórico ao dizer: ” jamais deixando de vos anunciar coisa alguma proveitosa e de vo-la ensinar publicamente e também de casa em casa” e ” porque jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio de Deus” (atos 20:20 e 27)… ou seja, tudo que era necessário ele , Paulo, ensinou e o Apóstolo Paulo nunca incentivou ou ensinou os cristãos a dizimarem!
Mas não é porque o Cristão não seja mais obrigado a dizimar que ele esteja isento de ajudar na propagação do evangelho e em favor dos necessitados porque a orientação do evangelho é: “Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria” (2coríntios 9:7).
“Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus concedida às igrejas da Macedônia; porque, no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria, e a profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua generosidade. Porque eles, testemunho eu, na medida de suas posses e mesmo acima delas, se mostraram voluntários” (2coríntios 8:1-3) Essa era a prática da igreja de Deus que Cristo estabeleceu.
Não temos mais o ministério levítico para sustentar, mas a instituição tem obrigações a cumprir, como despesas de água, luz, telefone, salários e até mesmo manutenção, reforma e construções. O cristão, mesmo não sendo obrigado a dizimar, com certeza percebe essas necessidades e num gesto de amor, decide contribuir sem estar preso a um percentual, e doa conforme consente o seu coração, e posso afirmar com a experiência de quem foi tesoureiro por mais de 15 anos, que as ofertas voluntárias na maioria das vezes superaram os dízimos na arrecadação da igreja. Isso comprova que os ofertantes tem participação importante na manutenção e sustento da igreja atual.
Este artigo não tem a intenção de criticar ou condenar o cristão que entrega os dízimos, pois cada um tem o direito de exercer sua liberdade sem julgamento ou condenação “Assim que, não nos julguemos mais uns aos outros; antes, seja o vosso propósito, não pôr tropeço ou escândalo ao irmão.” (Romanos 14:13), mas tem o objetivo de mostrar o erro da obrigatoriedade, visto que se criou na igreja uma divisão e diferença de tratamento entre dizimistas e ofertantes, a maioria das igrejas associam fidelidade com entrega de dízimos e não a prática de vida dos ensinamentos do evangelho, para elas o ofertante que não dizima não é fiel, e sem a guarda e proteção de Deus, está nas mãos do demônio “devorador” sujeito a todo tipo de provação e maldição. Por não serem “fiéis”, em algumas igrejas os apenas ofertantes (seguidores do ensino do Novo Testamento) não recebem o mesmo tratamento dados aos dizimistas, e para alguns pastores, não são merecedores de receberem nem as orações e a “unção” especial que os dizimistas recebem, visto não serem responsáveis pela arrecadação financeira e sustento da instituição.
Um dos argumentos mais usado para justificar o dízimo para o cristão é: “Dízimo é bíblico! E o que é bíblico não se discute.” Existem mais de oitocentas leis no Velho Testamento, portanto são todas bíblicas, partindo deste princípio deveríamos não discutir e cumpri-las também? Porque o argumento só é válido para o dízimo? E as outras questões bíblicas como o sábado, a mulher ficar calada na igreja, não cortar o cabelo, cobrir a cabeça com véu, a circuncisão e tantas outras que também são bíblicas e a maioria dos cristãos não praticam? Porque então estudam alguns assuntos bíblicos e ao fazer uma exegese sobre o contexto e as circunstâncias das colocações bíblias em sua maioria da lei, quase todos os estudiosos concluem que não se aplicam mais para o cristão e a maiorias das igrejas concordam? Porque só para o dízimo o contexto e as circunstâncias são desprezadas? Muita coisa, principalmente no Velho Testamento só teve significado para o judeu e mesmo sendo bíblico está fora de uso até para o judeu atual, portanto serve apenas como história e exemplo para nós. Isso deixa claro que o argumento usado não tem fundamentação.
Tudo que está na bíblia é bíblico, mas nem tudo que é bíblico se aplica ao cristão.
Outro argumento, é que Jesus falou sobre o dízimo em Mateus 23:23, então isso constitui um ensino e uma ordenança e mesmo sendo cristãos devemos obedecer. Jesus curou um leproso e mandou em seguida que ele oferecesse um sacrifício pela cura. “ E, tendo ele dito isto, logo a lepra desapareceu, e ficou limpo. E, advertindo-o severamente, logo o, despediu E disse-lhe: Olha, não digas nada a ninguém; porém vai, mostra-te ao sacerdote, e oferece pela tua purificação o que Moisés de terminou, para lhes servir de testemunho. (Marcos 1 :42-44) devemos então ao recebermos uma cura procurar um sacerdote e entregar um animal para o sacrifício? O princípio não deveria ser o mesmo? Jesus em Mateus 23 não se dirigiu aos apóstolos, nem aos discípulos e muito menos à multidão que o seguia sempre, Jesus estava censurando os judeus escribas e fariseus que estavam sob a lei e dizimavam até da menor hortalícia, mas não praticavam a justiça a misericórdia e a fé. Muitos cristãos hoje se comportam de forma semelhante, fazem questão de entregar até os centavos e são preconceituosos, discriminam pessoas, são rancorosos e dificilmente perdoam, são fiéis ao dízimo da lei e não praticam o mais importante do ensinamento do evangelho de Cristo.
Jesus era judeu, viveu no período da lei e a aliança em vigor era a aliança de Deus com Moisés, foi circuncidado como todo judeu e para dar bom testemunho cumpriu tudo que a lei determinava, mas com sua morte se cumpriu a lei e entrou em vigor a Nova Aliança. É uma pena que a maioria ainda não entendeu isso e insistem em viver debaixo das bênçãos e maldições da lei e não debaixo da graça de Cristo.
“Porque, repreendendo-os, lhes diz: Eis que virão dias, diz o Senhor, Em que com a casa de Israel e com a casa de Judá estabelecerei uma nova aliança, Não segundo a aliança que fiz com seus pais No dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; Como não permaneceram naquela minha aliança, Eu para eles não atentei, diz o Senhor. Porque esta é a aliança que depois daqueles dias farei com a casa de Israel, diz o Senhor; Porei as minhas leis no seu entendimento, E em seu coração as escreverei; E eu lhes serei por Deus, E eles me serão por povo; E não ensinará cada um a seu próximo, Nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece o Senhor; Porque todos me conhecerão, Desde o menor deles até ao maior. Porque serei misericordioso para com suas iniquidades, E de seus pecados e de suas prevaricações não me lembrarei mais. Dizendo Nova aliança, envelheceu a primeira. Ora, o que foi tornado velho, e se envelhece, perto está de acabar”. (Hebreus 8:8 a 13).
Considerações finais:
Em Hebreus nos capítulos 7 a 10, deixa bem claro a questão do sacerdócio perfeito após o Calvário, uma vez mudado o sacerdócio Levítico, veio o sacerdócio de Cristo, e mudando o sacerdócio se mudou a lei ( Hebreus 7:12 ) por isso não vemos mais no novo testamento a prática do dízimo e muito menos em dinheiro que já existia, Jesus foi traído por moedas, e a viúva ofertou moedas, mas dízimos, foi mencionado em alimentos, hortaliças jamais em dinheiro, e o próprio Senhor Jesus, relatou que o dízimo era da lei para o povo de Israel. (Mateus 23:23)
Paulo não falou sobre dízimos, nem outro apóstolo qualquer deixou exemplo de tal prática. Em Coríntios 9, Paulo pede doações para suprir os necessitados. Em Atos 4:32 em diante, notamos a generosidade dos irmãos,vendendo tudo e depositando aos pés dos apóstolos, para que se fosse feita distribuição aos necessitado, de forma a não haver necessitados entre eles ( esta é a justiça que excede a dos fariseus religiosos que apenas punham seus dízimos das hortaliças e achavam que estavam, cumprindo sua parte) em Mateus 23:23 e Lucas 18:12. Tal prática dos fariseus, mostra apenas religiosidade, eles não praticavam a fé de fato, quem diz que dizimar é um ato de fé, se engana, porque os fariseus dizimavam , mas não praticavam a fé. O jovem rico, não foi indicado por JESUS a dizimar, e sim, vender e REPARTIR com os pobres. Jó nunca dizimou, e mesmo assim era próspero.
Abraão só deu o dízimo uma só vez, e não foi em dinheiro, foi despojos, sobras de conquistas de guerra, dizimo de sangue, após matar os reis e tomar seus bens. Jacó prometeu dar o dízimo, ( um voto particular dele ) em Gênesis 28:20-22 , mas a bíblia não fala que ele cumpriu, portanto não servem como referencia para os cristãos.
No sétimo ano, Israel, não trazia dízimos, devido ser o ano sabático, a terra descansava (Levítico 25:4) Mas e será que a igreja atual faz isto? Fica sem receber dizimos no sétimo ano?
Paulo jamais falou de dízimos e sim, contribuições voluntárias , para “suprir” os que nada tem, ação esta que é vista e agradável a Deus. Paulo fez uma coleta para “DISTRIBUIR”, hoje se faz distribuição de envelopes para ajuntar, não para os pobres, mas, para os cofres da instituição, que mesmo tendo de sobra, os membros são obrigados a “investir” (além do dízimo e ofertas) pagar por todo tipo de eventos, encontros, congressos e seminários, ainda se diz que é para a expansão da obra de Deus. Cada dia os patrimônios religiosos estão maiores, e o evangelho mais distante do que a igreja primitiva pregava e vivia, tudo por causa de dinheiro. A biblia fala para não reter e sim dar.
Paulo afirma: “Porque nós não estamos, como tantos outros, mercadejando a palavra de Deus; antes, em Cristo é que falamos na presença de Deus, com sinceridade e da parte do próprio Deus” (2Coríntios 2:17).
Judeus atuais, dizimam? Depois que escrevi o artigo sobre o dízimo, uma curiosidade tomou conta de minha mente: Afinal os judeus atuais ainda dizimam, e se dizimam, quem recebe os dízimos? Passei vários dias pesquisando sobre o assunto e achei uma infinidade de artigos afirmando que eles não dizimam mais, lí e estudei muitos, e entre tantos o que mais me chamou a atenção foi o artigo que decidi transcrever aqui, leiam e tirem suas próprias conclusões.
Judeus não dizimam atualmente
Felizmente, teólogos judeus têm melhor conhecimento do que seus colegas teólogos cristãos. Eles estão bem informados de que somente os levitas têm o direito de receber o dízimo das pessoas. Afinal de contas, os líderes judeus têm o Antigo Testamento como sua Escritura e é isso que ela ordena. E já que não existe Templo atualmente (e, consequentemente, levitas ordenados ou sacerdotes servindo no Templo), então um fator importante no cumprimento das leis do dízimo não existe em nosso mundo moderno.
Considerando isso, pode ser de grande valor falar de algo que aconteceu comigo há mais de trinta e cinco anos quando eu estava apenas começando a estudar teologia na faculdade. Uma carta me fora entregue para responder. Era de uma mulher que ouviu que os judeus modernos não estavam dizimando. Ela queria saber se a informação era verdadeira, e se sim, por que os judeus aparentemente violavam as simples leis da Bíblia que falam do dízimo como uma lei a ser obedecida?
Tendo lido a carta, comecei a me preocupar com o assunto também. Para resolver a questão, telefonei para três rabinos na área de Los Angeles para conseguir explicação. Para grande espanto meu, todos os três, independentemente um do outro, me informaram que nenhum judeu religioso deve dizimar hoje. Fiquei surpreso com suas respostas. Isso parecia ser uma evidência de que os judeus eram tão relaxados com a interpretação bíblica que eles estavam abandonando até mesmo as simples palavras de sua própria Escritura sobre as leis do dízimo.
Até que eu falei com o último rabino, minha indignação como jovem estava começando a surgir. Mas, em seguida, o rabino sabiamente começou a me mostrar minha falta de conhecimento (não a dele) em toda a questão. Primeiro, ele admitiu que ninguém de sua congregação paga um centavo de dízimo que era exigido no Antigo Testamento. Ele então disse: “Se algum membro da minha sinagoga dizimar na forma como está na Escritura, ele estaria desobedecendo a lei de Deus, ele estaria pecando contra Deus.”
Fiquei perplexo ao ouvir sua resposta. Ele passou a me informar que desde que a Bíblia exige que o dízimo deve ser pago aos levitas, ele disse que seria errado pagá-lo a qualquer outra pessoa. E ainda, porque não há atualmente nenhuma ordem levítica oficial de sacerdotes ministrando em um Templo de Jerusalém, o que torna ilegal neste período pagar qualquer dízimo bíblico. Ele chegou a dizer, no entanto, que no momento em que um templo for reconstruído, com seu altar em operação e com o sacerdócio oficiando naquele altar (e os levitas lá para ajudá-los), então todo judeu que vive nas áreas de entrega do dízimo mencionadas na Bíblia será obrigado a dizimar de acordo com os mandamentos bíblicos.
Este ensinamento foi uma revelação para mim (como pode ser para alguns de nossos leitores), mas o rabino deu as respostas bíblicas adequadas. Para pagar o dízimo bíblico, neste momento, sem levitas e sacerdotes ordenados em suas funções normais e fazendo o serviço no Templo, seria “pecado” tanto para o doador quanto para o receptor. O rabino disse-me: “Se estamos obedecendo à lei, não podemos pagar o dízimo, se não o pagar aos que são ordenados por Deus a aceitar esse dízimo”.
O rabino explicou que, embora ele fosse o rabino-chefe de sua sinagoga, ele não era um levita. Ele disse que era descendente da tribo de Judá, e, assim, não qualificado para receber o dízimo. A mesma desqualificação aplicava-se mesmo a Jesus Cristo enquanto ele estava na terra desde que ele também foi reconhecido como tendo vindo da tribo de Judá. Esta mesma restrição era aplicável às atividades do apóstolo Pedro (porque ele era também de Judá) e aplicada ao apóstolo Paulo (porque era da tribo de Benjamin). Nem Cristo, nem os apóstolos eram levitas, assim todos estavam desqualificados a receber qualquer parte do dízimo bíblico. É simples assim.
E, preste atenção, se Cristo, Pedro e Paulo não usaram o dízimo bíblico para qualquer um dos seus trabalhos no ensino do Evangelho, os ministros cristãos de hoje não deveriam usar o dízimo bíblico também. As autoridades judaicas religiosas são sábias o suficiente para entender o que a Palavra de Deus diz sobre o dízimo e, felizmente, eles permanecem nessa mesma Palavra. Mas os nossos pregadores e sacerdotes (padres, pastores, presbíteros, etc) gentios se preocupam pouquíssimo com o que os textos bíblicos realmente ensinam e seguem confortavelmente em seus caminhos inventando suas próprias leis do dízimo que são diferentes daquelas da Bíblia.
O rabino então me deu algumas informações sobre o método que muitos judeus usam hoje para garantir fundos adequados com os quais operam suas organizações religiosas. Ele passou a dizer que as atividades de sua sinagoga foram apoiadas financeiramente por meio da adoção do “sistema patrono” pelos seus membros. Ou seja, as famílias compram assentos na sinagoga por vários preços a cada ano. O rabino mencionou que muitos de sua congregação realmente pagam mais de um décimo de sua renda para obter melhores lugares na sinagoga. Este método de captação de recursos é perfeitamente apropriado (do ponto de vista bíblico) se os judeus desejarem usá-lo. Isso ocorre porque o dinheiro é pago à sinagoga e não a um sacerdócio levítico ordenado.
O último rabino estava interpretando corretamente os ensinamentos da Escritura Sagrada. Enquanto muitos ministros cristãos atualmente ensinam que os cristãos podem estar correndo o risco de perder a salvação se eles não pagarem dízimo para a igreja, rabinos judeus têm um conhecimento melhor e não afirmam uma coisa dessas. Eles percebem que é biblicamente indevido (na verdade, é uma desobediência flagrante às leis da Bíblia) para qualquer um pagar ou receber o dízimo bíblico hoje. E qualquer líder eclesiástico ou ministro que usa o dízimo bíblico (ou qualquer um que paga a um ministro o dízimo bíblico) é um pecador aos olhos de Deus. Desde 1970, e após o largo crescimento no Brasil das igrejas neopentecostais nos anos 80, a teologia da prosperidade ou triunfalismo, continua sendo um divisor de águas nas opiniões dos mais diferentes grupos cristãos, e por conta desta teologia e da ação nefasta de algumas organizações “cristãs”, a igreja foi reduzida em um balcão de negócios e barganhas espirituais com Deus, sustentada pelo desejo da prosperidade financeira e da conquista material.
Neste estudo, não quero me ater à questão do dízimo. O que quero discutir são os mecanismos criados por mentes fantasiosas, impondo uma carga emocional sobre as pessoas que vão trazer ofertas ou dízimos em suas respectivas igrejas. Creio que o dízimo é um princípio voluntário do indivíduo que reconhece que suas necessidades são supridas pelo Senhor, e que ao entregar o dízimo estamos reafirmando esta dependência de Deus e tomando uma atitude prática ao desapego material e escravizador do dinheiro.
Mas nas últimas décadas, muitas pessoas foram ensinadas a dizimar e ofertar sendo motivadas pela troca de algo, impondo condições nesta relação a tratando Deus como um negociador, agiota ou empregado, coisas que definitivamente Deus não é. Daí a razão porque muitos tentam passar a ideia que é errado contribuir. Na verdade a contribuição com dízimos ou ofertas faz parte do nosso crescimento espiritual e do desenvolvimento de uma espiritualidade sadia, porém a imposição de “regras” e “medos” geram as divergências nas igrejas e os abusos que vemos em nossos dias.
A Teologia do Devorador - Como nasce uma heresia?
Muitos pastores em nossos dias, influenciam cristãos através de seus ensinos à acreditarem na existência de um certo tipo de “demônio” que devora e destrói as finanças, gerando inúmeros e diferentes tipos de prejuízos financeiros em diversas áreas da vida das pessoas. Estes pastores chamam este demônio de “devorador”. Segundo o ensino desta heresia, este demônio é tão poderoso, que nenhuma oração “em nome de Jesus” têm poder de repreendê-lo, apenas a devolução do dízimo possui este poder.
A heresia do devorador, toma como base os textos de Malaquias 3:10-12 e de Joel 2:25-27. Posteriormente vamos fazer a exegese destes textos para o esclarecimento de que eles são usados indevidamente para tais afirmações. Porém foram nos livros de batalha espiritual que esta heresia se fortaleceu e influenciou as interpretações equivocadas sobre o assunto. Um dos livros que popularizou a teologia do devorador foi o livro “Por trás das Bençãos e Maldições” do Bispo Robson Rodovalho, pastor presidente do ministério Sara Nossa Terra.
No livro, Rodovalho faz um paralelo, fruto de uma “revelação” que ele teve, de que os quatro tipos de gafanhotos eram na verdade, quatro tipos de “espíritos malignos”, que atacam os homens, quando estes possuem “brechas” em sua vida financeira. Esta analogia não está pautada em uma pesquisa séria sobre o texto, é apenas uma alegoria mística sem nenhum fundamento exegético. Vejamos o que o autor diz logo na introdução do livro:
“Existe um depósito de bênçãos em Cristo Jesus, que foi trazido na cruz do Calvário. Por este motivo, você pode aceitar a plena e total libertação de Deus. Você não precisa viver uma vida de bênçãos pela metade. Você pode viver uma vida de plenitudes de bênçãos. Não aceite, ser liberto pela metade. Possuir bênçãos, mas apenas bênçãos espirituais. As bênçãos de Deus não são apenas espirituais. Sem dúvida, elas começam no espírito, que é a fonte de toda luz, de toda ação e iniciativa de Deus, mas estas bênçãos alcançam todas as áreas de nossas vidas. Estas bênçãos alcançam as seguintes áreas: emocional, financeira, profissional, física, espiritual, conjugal, relacionamento de família, tudo que você necessitar. O propósito de Deus é que você se despoje de tudo que possa trazer maldição à sua vida. No tempo antes de Cristo, a pessoa levava heranças malignas de maldição sobre si; agora, da bênção que o Senhor trouxe. Assim, meu irmão, não aceite viver parcialmente. Não aceite ser cristão carregando ainda maldições que possam estar assolando sua vida.” (1)
Ao escrever sobre a questão financeira na vida dos crentes, Rodovalho não deixa dúvidas sobre o que ele acredita em relação aos textos de Joel e os gafanhotos. Vejamos:
“O Cortador: Este era aquele que tinha o poder para cortar. Quando o brotinho nascesse, logo seria cortado. Começa a fazer um negócio, vem alguém e desmancha. Inicia uma empresa lucrativa e aí vem os prejuízos e tem que fechar. Começa a ter esperança no trabalho, logo vem um chefe que se indispõe e manda embora. É o espírito de gafanhoto cortador que está liberado contra a pessoa. O Migrador: Este é um demônio que migra, muda, não fica em lugar fixo. Ele opera em um período, depois ele volta. Um ano depois, volta novamente. Ele migra até de família em família, região em região. Você já percebeu que de vez em quando começam os acidentes de carro? Sabe o que é isso? São os espíritos migradores. Fazem danos em uma casa trazendo acidentes e perdas financeiras, logo depois aquele espírito de tormenta vai perseguir outra família, outra casa. O Devorador: Este tem o poder para cortar mais fundo que o migrador. Ele devora, come velozmente, arranca as cascas e o cerne das plantações deixando apenas a raiz, às vezes deixando só o tronco morto ou semimorto. O devorador toca não apenas nos bens da pessoa, mas no casamento, nas emoções. Delibilita a própria saúde, o próprio equilíbrio que aquela pessoa possuía. O Destruidor: Este tem o poder para tirar a vida da planta. Ataca a raiz. As pessoas que se suicidam, muitas delas o receberam. Começa com a perda financeira. Vai envolvendo-se em negócios inescrupulosos, tormentos, até que perde tudo o que possui. O espírito do gafanhoto destruidor arrasa completamente os bens, a felicidade, a saúde e a própria vida da pessoa, matando-a!” (2)
Este é apenas um dos muitos exemplos de como o terrorismo psicológico está associado a algumas liturgias evangélicas e como pessoas ficam aprisionadas com falsos ensinos como estes. Sem nenhum critério de interpretação, a teologia do devorador, é uma analogia grosseira e uma alegoria mística sem fundamento interpretativo.
Infelizmente nos nossos dias a discussão sobre a autenticidade deste assunto é quase que “abolida” do meio evangélico. Pois a verdade, é que muitos ministérios se ergueram com base no medo e na força de muitas heresias relacionadas com as ofertas e dízimos das pessoas. Uma análise bíblica mais profunda, hermeneuticamente honesta e correta geraria a necessidade de arrependimento e confissão do erro doutrinário, o que poderia criar inúmeros problemas à manutenção de tais ministérios. E por isso, é quase que unânime a resposta de quem tem esta doutrina fundamentada em sua vida: “Temos que devolver o Dízimo, pois pertence ao Senhor. Se não devolver 10% do que ganhamos, estaremos roubando à Deus e o devorador atacará nossas finanças”.
O movimento Reformado representou um retorno às Escrituras Sagradas. Como conseqüência, um certo acúmulo de tradições humanas e culturais acrescentadas à fé apostólica e que não condiziam com a perspectiva bíblica foi varrido da igreja.
Devemos levar em consideração também que não há erro quando alguém obriga a si próprio a não comer carne, ou guardar determinados dias, ou se abster de algo, ou colocar sobre si qualquer outra obrigação sobre a qual não há mandamento bíblico (Rm 14.2-6). Porém, o erro passa a existir quando pretendemos impor a outra pessoa ou comunidades inteiras exigências que a Bíblia jamais impôs.
A igreja, desde a afirmação Paulina de que Cristo nos libertou da Lei (Gl 5:1) vive a tensão entre a prática do dízimo e a sua descentralização. Controvérsias relacionadas com o dízimo percorrem séculos de história. Muitos puritanos no século XVII lutaram pela abolição do dízimo, substituindo-os por contribuições voluntárias para sustentação das instituições eclesiásticas e clericais. (3)
Enfim, poderíamos citar inúmeros textos e histórias relacionados com o dízimo, mas a discussão neste estudo chama a atenção para a pregação que considera o dízimo como uma “proteção" financeira contra o demônio chamado “devorador”. Criando assim uma heresia supersticiosa. A superstição é uma ferramenta perfeita nas mãos de alguns líderes religiosos. Na idade média, as pessoas acreditavam que comprando indulgências escapariam do purgatório indo diretamente para o céu. Quanto dinheiro o clero medieval não amealhou durante séculos explorando a crendice supersticiosa de milhões de sinceros?
Enquanto muitas seitas modernas disseminam absurdos supersticiosos como ferradura atrás da porta, folhas de arruda sobre a orelha, ou crendices populares como o trevo da sorte e a pata de coelho, um segmento da igreja evangélica investe na superstição criada pela doutrina do dízimo/devorador. Mensagem esta que não condiz com a liberdade do novo concerto em Cristo.
Conhecendo os textos, os contextos e os “pretextos"
Os que crêem no “demônio devorador” utilizam como base para a existência desta heresia textos muito conhecido de todos, à saber, Malaquias 3.10-12 em paralelo com Joel 2.25-27:
Malaquias 3.10-12 – "Trazei todos os dízimos ao tesouro do templo, para que haja mantimento “na minha casa”, e provai-me nisto, diz o Senhor dos exércitos, e vede se não vos abrirei as janelas do céu e não derramarei sobre vós tantas bênçãos, que não conseguireis guardá-las. Por vossa causa também repreenderei “a praga devoradora” [ou o devorador - ARA], e ela [ou o devorador - ARA] não destruirá os frutos da vossa terra, nem as vossas videiras no campo perderão o seu fruto, diz o Senhor dos exércitos. E todas as nações vos chamarão bem aventuradas; pois a vossa terra será aprazível, diz o Senhor dos exércitos." (Almeida Século 21)
Joel 2.25-27 – "Assim vos restituirei os anos consumidos pelo “gafanhoto” migrador, pelo assolador, pelo destruidor e pelo cortador, meu grande exército que enviei contra vós. Comereis à vontade e vos fartareis, e louvareis o nome do Senhor vosso Deus, que agiu em favor de vós de maneira maravilhosa; e o meu povo nunca será envergonhado. Vós sabereis que eu estou no meio de Israel e que eu sou o Senhor vosso Deus, e não há outro; e o meu povo nunca mais será envergonhado." (Almeida Século 21)
Há pelo menos dez palavras hebraicas usadas nas Escrituras para se referir ao gafanhoto. Muitas são as suas espécies, mas com certeza o mais devastador de todos é o gafanhoto sírio. No oriente eles são preparados de várias maneiras como comida, e na própria lei mosaica, ele era considerado como comida limpa ou pura (Lv 11:22). Sabemos nas páginas do NT que João Batista comia gafanhoto e mel (Mt 3:4).
Este inseto devastador geralmente é capaz, até os dias atuais, de condenar toda uma região de plantio. Eles atuam em bandos numerosíssimos, e voam a mercê do vento, pois não controlam o próprio vôo. São tão numerosos que geralmente formam uma nuvem a ponto de obscurecerem a luz do sol quando atacam as plantações. Alguns textos bíblicos afirmam isso: Ex. 10:15; Jz 6:5; 7:12; Jr 46:23; Joel 2:10. Foi um destes ataques terríveis que varreram o Egito (Ex 10:1-9)
Muitas informações importantes como estas tecem o conjunto de declarações nas Escrituras Sagradas, e é por isso que antes de qualquer análise de texto, precisamos conferir em que contexto o profeta Malaquias surgiu no cenário de Israel? Malaquias surgiu num tempo em que imperava a frieza espiritual, a nação estava desmotivada e em profundo desânimo em relação a Deus e a prática religiosa. E por que? Vejamos o que diz Augustus Nicodemus Lopes, em seu excelente livro - O Culto Espiritual:
“Fazia cerca de 100 anos que os judeus tinham regressado do cativeiro. Deus havia mandado o povo de Israel para o exílio, por volta de 600 ou 500 a.C, em razão reiterada idolatria e falta de arrependimento. (...) Parte do povo foi para o Egito, outra se dispersou e muitos outros morreram. Durante 70 anos, o povo permaneceu cativo na Babilônia. Tempos depois Deus trouxe de volta [o povo] à terra prometida. Esse período está registrado nos livros de Esdras e Neemias, dois homens levantados por Deus para liderar o retorno da nação à terra prometida. Porém, nem todos regressaram; parte do povo ficou na Babilônia; outra permaneceu no Egito. Mas um grande contingente voltou para a terra de Israel… Quando regressaram, os judeus pensavam ter chegado o tempo do cumprimento das grandes promessas que os profetas de Israel haviam feito. Isaías, Ezequiel e Jeremias profetizaram um tempo maravilhoso para o povo de Deus após a restauração, e o povo acreditava que aquele seria o tempo em que essas promessas se cumpririam. Só que cem anos se passaram desde a volta do cativeiro, e as coisas não estavam acontecendo conforme a expectativa. Promessas tinham sido feitas, mas a realidade não estava de acordo com elas. (...) Por meio dos profetas o Senhor prometera uma grande restauração de seu povo na terra, mas somente parte dele retornou da Babilônia. Os profetas haviam mencionado um período de paz, mas eles ainda estavam cercados por inimigos”. (4)
É preciso notar que toda a dedicação relacionada com Deus havia se esvaído do coração das pessoas e consequentemente outros aspectos aconteceram na nação de Israel naqueles dias, como: o casamento com mulheres estrangeiras, cultos a deuses pagãos, injustiças sociais, rituais mecânicos e formais e sacerdócio corrompido. Naquele tempo cada um dava prioridade a seus assuntos pessoais. Ninguém estava preocupado com prestar um culto íntegro à Deus.
O profeta Joel, por sua vez aparece no cenário histórico de Israel em meio a uma profunda seca prolongada em Judá, durante o reinado de Joás. Entre os anos de 835-796 a.C. E nessa época, uma grande invasão de gafanhotos destruiu toda a plantação gerando uma grave crise econômica relacionada com o Reino do Sul. Esse desastre natural serviu como fundo da mensagem de Joel, como um “castigo" de Deus em virtude dos pecados dos sacerdotes e do povo (Joel 2:1-17). É por isso que o profeta convoca toda a nação para um sincero arrependimento, e por terem deixado de amar a Deus acima de todas as coisas.
Entendido um pouco os contextos históricos destes dois profetas, fica difícil afirmar que o “devorador" supracitado está relacionado com alguma casta demoníaca e que atua trazendo prejuízo na vida daquele que não dizima. O devorador (ARA, ARC) ou a praga devoradora (ALMEIDA Séc.XXI) ou as pragas (NVI) são apenas o que o texto dizem que são: um inseto da ordem das locustas ou gafanhotos.
De acordo com as Escrituras, Deus utilizou estes insetos para executar a sua disciplina sobre o seu povo que estava vivendo em pecado. A disciplina, por pior que nos pareça, é simplesmente o cuidado e o amor de Deus para com os seus filhos (veja Hb 12.4-14). Não há porque atrelar qualquer significado forçado ou “revelação extra” aos dois textos. Eles parecem deixar claro, que Deus usa a natureza e a criação para educar e trazer reflexão sobre o que o homem faz de sua vida. Neste caso, Deus usou um ataque literal de gafanhotos, insetos, e não demônios, para promover o arrependimento em Israel.
Uma afirmação categórica de Paulo, é que não devemos ir além do que está escrito (1Co 4:6). Em todas as 38 citações da palavra “gafanhotos” na bíblia, ela aparece apenas como um inseto. Em nenhum texto, poderíamos imaginar ou relacionar estes insetos com demônios. Inclusive a profecia de Malaquias 3:11, apenas reforça o que já havia sido dito por Moisés em Deuteronômio. Vejamos:
"Vocês semearão muito em sua terra, mas colherão bem pouco, porque gafanhotos devorarão quase tudo." (Dt 28:38 - NVI)
“Os seus filhos e filhas não ficarão com vocês, porque serão levados para o cativeiro. Enxames de gafanhotos se apoderarão de todas as suas árvores e das plantações da sua terra. Os estrangeiros que vivem no meio de vocês progredirão cada vez mais, e cada vez mais vocês regredirão. Eles lhes emprestarão dinheiro, mas vocês não emprestarão a eles. Eles serão a cabeça, e vocês serão a cauda.” (Dt 28: 41-44 - NVI).
Evidentemente precisamos compreender que a nação de Israel era predominantemente agrícola, e que compreendiam a aliança com Deus (Antigo Testamento) em termos de obediência e desobediência da Lei. Caso a obediência vigorasse, eles compreendiam que poderiam viver períodos de paz com as nações vizinhas e boas e prósperas colheitas. Caso a desobediência prevalecesse então viriam guerras e escassez do fruto da terra. O gafanhoto era o instrumento de Deus que destruía naquela época a lavoura e tudo que era produzido pela terra, que era a base da economia de Israel. É por isso que Deus afirma em Malaquias: "Impedirei que pragas devorem suas colheitas, e as videiras nos campos não perderão o seu fruto", diz o Senhor dos Exércitos.” (Ml 3:11 - NVI)
Deus portanto está tratando de um problema real, com insetos reais, e com conseqüências reais na vida diária de seu povo. Mas caso ainda forçássemos a possibilidade deste inseto ser mesmo um “demônio”, como explicar que Deus daria à um demônio a dura missão de fiscalizar as ofertas e dízimos dos cristãos?
Alguns expositores desta heresia ainda chegam a declarar que não é possível repreender o demônio devorador com oração, nem em nome de Jesus, pois apenas o dízimo tem este poder. Afirmam que quando dizimamos, Deus mesmo repreende o devorador da nossa vida financeira. Neste caso, parece que o sacrifício de Cristo se torna ineficiente.
Infelizmente em nossos dias é comum usar todo tipo de aparato místico para condicionar pessoas às promessas ou ameaças relacionado com finanças. E uma das heresias mais lucrativas no meio evangélico está relacionado com o “devorador”!
Estas heresias só ganham espaço em nosso meio, porque além de algumas pessoas serem ingênuas em relação aos textos bíblicos, muitos são verdadeiramente generosos e acabam virando presas fáceis na mão de líderes inescrupulosos, que transformam a "casa de oração" em covil de salteadores, incutindo medo e culpa na vida e no exercício da espiritualidade das pessoas.
Qualquer evocação de qualquer texto do Antigo Testamento para validar uma prática que seja obrigatória sobre a perspectiva de “castigo” ou maldição é um retrocesso na espiritualidade deixada por Cristo para nós. Pois somente Jesus foi capaz de cumprir TODA a Lei e por isso Ele estabeleceu uma NOVA aliança como afirma o escritor de Hebreus em todo o capítulo 8 do mesmo livro:
"O mais importante do que estamos tratando é que temos um sumo sacerdote como esse, o qual se assentou à direita do trono da Majestade nos céus e serve no santuário, no verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, e não o homem. Todo sumo sacerdote é constituído para apresentar ofertas e sacrifícios, e por isso era necessário que também este tivesse algo a oferecer. Se ele estivesse na terra, nem seria sumo sacerdote, visto que já existem aqueles que apresentam as ofertas prescritas pela lei. Eles servem num santuário que é cópia e sombra daquele que está nos céus, já que Moisés foi avisado quando estava para construir o tabernáculo: "Tenha o cuidado de fazer tudo segundo o modelo que lhe foi mostrado no monte”. Agora, porém, o ministério que Jesus recebeu é superior ao deles, assim como também a aliança da qual ele é mediador é superior à antiga, sendo baseada em promessas superiores. Pois se aquela primeira aliança fosse perfeita, não seria necessário procurar lugar para outra. Deus, porém, achou o povo em falta e disse: "Estão chegando os dias, declara o Senhor, quando farei uma nova aliança com a comunidade de Israel e com a comunidade de Judá. Não será como a aliança que fiz com os seus antepassados quando os tomei pela mão para tirá-los do Egito; visto que eles não permaneceram fiéis à minha aliança, eu me afastei deles", diz o Senhor. Esta é a aliança que farei com a comunidade de Israel depois daqueles dias", declara o Senhor. "Porei minhas leis em suas mentes e as escreverei em seus corações. Serei o Deus deles, e eles serão o meu povo. Ninguém mais ensinará ao seu próximo nem ao seu irmão, dizendo: ‘Conheça ao Senhor’, porque todos eles me conhecerão, desde o menor até o maior. Porque eu lhes perdoarei a maldade e não me lembrarei mais dos seus pecados. Chamando "nova" esta aliança, ele tornou antiquada a primeira; e o que se torna antiquado e envelhecido, está a ponto de desaparecer." (Hb 8:1-13)
A Bíblia parece deixar claro que o processo da pregação da Palavra, primeiro se dirige ao entendimento da pessoa, mediante a clara exposição da verdade, e depois à sua consciência, isto é, a vontade dela responde em forma de decisão e fé. Como o apóstolo Paulo exorta em 2 Co 4:2. Vejamos:
"Antes, renunciamos aos procedimentos secretos e vergonhosos; não usamos de engano nem torcemos a palavra de Deus. Pelo contrário, mediante a clara exposição da verdade, recomendamo-nos à consciência de todos, diante de Deus." (2Co 4:2)
Medo, culpa e ganância - A lógica do devorador
Vivemos em um mundo onde existem muitos cristãos sinceros, porém pobres e de vida simples, assim como ateus ricos e abastados. Esta simples constatação, comprova que a afirmação contemporânea que é feita nos púlpitos de muitas igrejas sobre o devorador se tratar de um demônio que afeta a área financeira das pessoas trata-se de uma forçada no texto, portanto, uma farsa teológica e exegética, tanto no livro de Joel, como em Malaquias. Não há nenhuma referência bíblica que afirma que o gafanhoto devorador trata-se de uma entidade espiritual, ou qualquer coisa parecida.
Em muitas igrejas há uma seletividade arbitrária em relação ao texto que pode ser utilizado ou não em relação as questões relacionadas com finanças. E esta é uma das razões porque o texto de Malaquias ou Joel é um dos preferidos para configurar a ameaça do devorador na vida dos incautos. Acontece que a lógica do Novo Testamento não está no medo e na ameaça, mas na Graça e na alegria de se poder contribuir sem maldições ou opressão, conforme Paulo declara aos Coríntios (2Co 8 e 9). Não damos por medo, mas com gratidão em nosso espírito e com alegria por estarmos satisfeitos em Deus.
Muitas vezes somos relapsos em relação a verdade bíblica. Não importa se você está lendo este livro ou qualquer outro artigo de um escritor ou teólogo renomado. Não devemos crer afoitamente em tudo que escrevem ou declaram. É necessário apontar versículos bíblicos e atentar para o contexto do capítulo, seus versículos anteriores e posteriores, isso nos dará uma boa base para o entendimento correto do que o versículo citado quer realmente dizer. Não podemos nos esquecer de que as Escrituras são a verdade, e de que ela é a nossa única regra de prática e fé, mesmo que a maioria de nós a tenha negligenciado.
O medo, a culpa e a ganância são os argumentos que patrocinam a heresia do devorador. Muitas retóricas insistem nesta lógica para manipular as emoções das pessoas e levá-las a dar, em muitos casos, até aquilo que não possuem. Ora o medo de não ser abençoado e ser alvo de maldição, ora a culpa de não dividir aquele dinheiro extra que ganhou ou da promoção que recebeu, ora a ganância de possuir cada vez mais e mais “coisas".
Esta lógica do mercado é sustentada por “campanhas" intermináveis, com pessoas tentando comprar sua cura ou prosperidade mediante uma “oferta”, financiada durante sete ou doze cultos, ou de acordo com o “estoque" de criatividade do pastor local. De uma maneira ou de outra, estes argumentos são largamente utilizados para a exploração da fé e da sustentação de um mercado religioso, conforme brilhantemente explica em uma palestra sobre Religião e Espiritualidade o pastor batista, Ed Rene Kivitz.(5)
É necessário tomar cuidado com “verdades inéditas”, com revelações particulares, fruto de motivações escusas e manipuladoras. Tenho aprendido ao longo da jornada cristã que reflexões, ponderações, análises nunca foram e nunca serão demais na vida do ser humano. Paciência, momentos a sós, “ruminar” leituras e pensamentos são importantíssimos para aprendermos algo.
É de suma importância investir tempo em analisar, estudar, refletir e pensar mais um pouco, e tenho refletido sobre muitas coisas, em especial sobre a sã doutrina, sobre ensinos nos arraiais evangélicos, sobre teologias de toda a sorte. Incrível como os pregadores tem a capacidade de fazer adaptações de textos bíblicos pela necessidade de um momento ou circunstância. E o que me entristece profundamente é que, quem questiona a veracidade destas coisas é chamado de religioso, incrédulo e não tem fé. Parece haver aí uma inversão de valores.
É verdade que existem passagens bíblicas de difícil interpretação, e que requer de nós muito discernimento espiritual, intelectual e humildade. E é por isso mesmo que precisamos tratar com seriedade e com sobriedade estas interpretações, como nos adverte o Apóstolo Pedro;
"Tenham em mente que a paciência de nosso Senhor significa salvação, como também o nosso amado irmão Paulo lhes escreveu, com a sabedoria que Deus lhe deu. Ele escreve da mesma forma em todas as suas cartas, falando nelas destes assuntos. Suas cartas contêm algumas coisas difíceis de entender, as quais os ignorantes e instáveis torcem, como também o fazem com as demais Escrituras, para a própria destruição deles. Portanto, amados, sabendo disso, guardem-se para que não sejam levados pelo erro dos que não têm princípios morais, nem percam a sua firmeza e caiam. Cresçam, porém, na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, agora e para sempre! Amém.” (2Pe 3:15-18 - NVI) Bibliografia utilizada
RODOVALHO, Robson. Por Trás das Bênçãos e Maldições (Brasília: Koinonia, 1995) pág. 2 Ibid -Pág. 32-35 Extraído da “Enciclopédia Histórico-Teológica da Bíblia”. Ed. Vida Nova. Verbete “dízimo”. A afirmação destacada merece consideração, pois os puritanos, representam o ápice do movimento reformado. LOPES, Augustus Nicodemus. O Culto Espiritual, pág 11-12. (Editora Cultura Cristã - 2ª edição) KIVITZ, Ed Rene. Palestra sobre Religião e Espiritualidade -
O dízimo do Velho Testamento, versus o dadivar do Novo Testamento
Introdução A idéia de que todo crente é obrigado a dizimar (dar 10% da sua renda para a obra do Senhor) é largamente difundida nas igrejas evangélicas de hoje. Já bem cedo na vida espiritual, praticamente todo crente é ensinado que tem que dizimar. Algumas igrejas crêem tão fortemente em dizimar que seus membros regularmente recitam o Credo do Dizimista -- "O dízimo é do Senhor. Em a verdade, o aprendemos. Em a fé, o cremos. Em a alegria, o damos. O dízimo!" Outros [muitos] pregadores têm clamado que qualquer crente que não dá o dízimo para o trabalho do Senhor está roubando Deus e está sob maldição, de acordo com Malaquias 3:8-10.
Neste livrinho, examinaremos o que a [própria] Bíblia ensina sobre o assunto do dízimo, sendo nosso propósito entendermos [somente pela Bíblia] qual a [real] relevância que o dízimo tem para os crentes no Senhor Jesus Cristo, vivendo sob o Novo Pacto. Faremos isto examinando o que a [própria] Bíblia tem a dizer sobre o dízimo: 1) antes da Lei ser dada; 2) sob a Lei Mosaica; 3) nas Escrituras do Novo Testamento. [0]
1 - O dízimo, antes da Lei
Há duas passagens Bíblicas que falam de um dízimo sendo dado antes que a Lei fosse instituída no Sinai. As passagens envolvem Abraão e Jacó, dois dos patriarcas de Israel.
Gênesis 14:17-20: "E o rei de Sodoma saiu-lhe ao encontro (depois que voltou de ferir a Quedorlaomer e aos reis que estavam com ele) até ao Vale de Savé, que é o vale do rei. 18 E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo. 19 E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra; 20 E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo. [Todas as citações são da Almeida Corrigida Fiel]" Nesta passagem, somos ditos que Abraão deu um dízimo a Melquisedeque, presumivelmente como uma expressão de gratidão a Deus por capacitar-lhe e conceder-lhe resgatar seu sobrinho Ló, que tinha sido levado cativo. Aqueles que crêem que o dízimo é mandatório para os crentes do Novo Testamento argumentam que, uma vez que o dízimo foi praticado antes que a Lei Mosaica fosse dada, ele forçosamente também tem que ser praticado depois da Lei Mosaica (que tem sido feita obsoleta pelo estabelecimento do Novo Pacto, através do sacrifício de Cristo) (He 8:13). No entanto, antes que cheguemos a qualquer decisão dura e apressada, olhemos de mais perto o texto [acima] e façamos algumas observações pertinentes.
- Não há nenhuma evidência neste texto de que dizimar foi ordenado por Deus. De fato, tudo no texto nos leva a crer que dar o dízimo foi, completamente, uma decisão e [livre] escolha de Abraão. Como tal, foi completamente voluntária. Como veremos pouco depois em nosso estudo, o dízimo, na Lei, de modo algum era voluntário, mas sim obrigatório a todo o povo de Deus. - Ademais, este é o único dízimo que as Escrituras mencionam que Abraão jamais deu [em toda a sua vida]. Não temos nenhuma evidência de que dizimar era sua prática geral [habitual, constante]. - Ainda mais, este dízimo proveio do despojo da vitória que Abraão adquiriu por poderio militar. Como notaremos depois em nosso estudo, o dízimo exigido sob a Lei Mosaica era sobre o lucro da colheita, dos frutos e dos rebanhos, e para ser dado em uma base anual -- não o despojo de uma vitória militar!
Gênesis 28:20-22: E Jacó fez um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer, e vestes para vestir; 21 E eu em paz tornar à casa de meu pai, o SENHOR me será por Deus; 22 E esta pedra que tenho posto por coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo. Jacó, nesta passagem, está fazendo um voto em resposta a uma visitação que recebeu de Deus, em um sonho. Neste sonho, Jacó viu uma escada alcançando o céu, com os anjos de Deus subindo e descendo por ela. No sonho, Deus estava de pé, acima da escada, e disse a Jacó "... Eu sou o SENHOR Deus de Abraão teu pai, e o Deus de Isaque; esta terra, em que estás deitado, darei a ti e à tua descendência; 14 E a tua descendência será como o pó da terra, e estender-se-á ao ocidente, e ao oriente, e ao norte, e ao sul, e em ti e na tua descendência serão benditas todas as famílias da terra; 15 E eis que estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei tornar a esta terra; porque não te deixarei, até que haja cumprido o que te tenho falado." (v. 13-15). Em resposta, Jacó fez o voto que, se Deus guardasse Sua promessa, ele, por sua vez, daria a Deus um dízimo. Novamente, em semelhança ao exemplo de Abraão, parece que este dízimo foi voluntário da parte de Jacó. Se ele de fato começou a dizimar [a Bíblia não o registra] depois que Deus cumpriu a promessa que lhe fez, Jacó ainda adiou o dizimar por 20 anos! [até depois da volta a Canaã.]
Estes dois são os únicos exemplos de dizimar que podem ser encontrados no Velho Testamento antes da Lei ser dada. Ambos são exemplos de algo voluntário, e nenhum desses dois dizimar foi pedido por Deus. Em nenhum dos personagens [Abraão e Jacó, que deram estes dois dízimos,] vemos um exemplo de dizimar como uma prática geral [habitual, constante] das suas vida. De fato, na vida de Abraão, parece que temos um dízimo como algo que ele só deu uma única vez em sua vida, e foi [um dízimo] dos despojos de uma vitória militar, dado a um sacerdote de Deus [1]. Se nossa única evidência para obrigar crentes sob o Novo Pacto a dizimarem se apóia nestas duas passagens de Gênesis, parece-me que estamos nos apoiando em um fundamento muitíssimo inseguro!
2 - Dizimando, sob a Lei Mosaica
Que ensina a Bíblia sobre o dízimo sob a Lei Mosaica? Nesta seção do nosso estudo, examinaremos todas as passagens significantes que descrevam o dízimo sob a Lei, nas Escrituras.
Levítico 27:30-33: "Também todas as dízimas do campo, da semente do campo, do fruto das árvores, são do SENHOR; santas são ao SENHOR. 31 Porém, se alguém das suas dízimas resgatar alguma coisa, acrescentará a sua quinta parte sobre ela. 32 No tocante a todas as dízimas do gado e do rebanho, tudo o que passar debaixo da vara, o dízimo será santo ao SENHOR. 33 Não se investigará entre o bom e o mau, nem o trocará; mas, se de alguma maneira o trocar, tanto um como o outro será santo; não serão resgatados." Note que, nesta passagem, o dízimo é descrito como sendo parte do produto da terra, da semente do campo, do fruto das árvores, do gado, e do rebanho. O dízimo não era o dar dinheiro. Em local algum das Escrituras você encontrará que dizimar era o dar dinheiro para Deus. Ademais, o dízimo era provavelmente dado em uma base anual. Cada ano, depois que a terra tinha sido colhida, as pessoas traziam para os sacerdotes as décimas partes de suas colheitas e do aumento na manada e no rebanho [2]. Daí, penso que podemos imediatamente ver que nossa contribuição semanal (ou mensal) de dez por cento de nossa renda monetária difere muito da prática do dízimo que encontramos na Bíblia.
Números 18:21-24 ["O Dízimo para os Levitas"]: E eis que aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em Israel por herança, pelo ministério que executam, o ministério da tenda da congregação. 22 E nunca mais os filhos de Israel se chegarão à tenda da congregação, para que não levem sobre si o pecado e morram. 23 Mas os levitas executarão o ministério da tenda da congregação, e eles levarão sobre si a sua iniqüidade; pelas vossas gerações estatuto perpétuo será; e no meio dos filhos de Israel nenhuma herança terão, 24 Porque os dízimos dos filhos de Israel, que oferecerem ao SENHOR em oferta alçada, tenho dado por herança aos levitas; porquanto eu lhes disse: No meio dos filhos de Israel nenhuma herança terão. Note, neste texto, que o dízimo foi planejado para ser o sustento dos levitas. Uma vez que estes não tinham nenhuma herança [terra para atividade agro-pastoril] na Terra Prometida, tal como a tinham as outras tribos, Deus fez provisão para o sustento deles através do dízimo das outras famílias de Israel. De fato, em Números 18:31 somos ditos "E o comereis em todo o lugar, vós e as vossas famílias, porque vosso galardão é pelo vosso ministério na tenda da congregação." O dízimo foi o pagamento- recompensa que Deus supriu para os levitas, pelos seus serviços sacerdotais. Isto é similar ao sustento que os funcionários do governo recebem hoje no nosso país, através dos impostos e taxas pagos pelo trabalhador comum.
Deuteronômio 14:22-27 ["O Dízimo para o Festival"]: Certamente darás os dízimos de todo o fruto da tua semente, que cada ano se recolher do campo. 23 E, perante o SENHOR teu Deus, no lugar que escolher para ali fazer habitar o seu nome, comerás os dízimos do teu grão, do teu mosto e do teu azeite, e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas; para que aprendas a temer ao SENHOR teu Deus todos os dias. 24 E quando o caminho te for tão comprido que os não possas levar, por estar longe de ti o lugar que escolher o SENHOR teu Deus para ali pôr o seu nome, quando o SENHOR teu Deus te tiver abençoado; 25 Então vende-os, e ata o dinheiro na tua mão, e vai ao lugar que escolher o SENHOR teu Deus; 26 E aquele dinheiro darás por tudo o que deseja a tua alma, por vacas, e por ovelhas, e por vinho, e por bebida forte, e por tudo o que te pedir a tua alma; come-o ali perante o SENHOR teu Deus, e alegra-te, tu e a tua casa; 27 Porém não desampararás o levita que está dentro das tuas portas; pois não tem parte nem herança contigo. Este texto fala de um dízimo sendo usado para prover para as festas e festivais religiosos de Israel. Números 18:21 nos diz que Deus deu todo o dízimo em Israel para ser a herança para os Levitas. Se todo o dízimo foi dado aos Levitas, então como é que este dízimo (em Dt 14) é dito para ser usado para as festas e festivais religiosos de Israel? A resposta tem que ser que este é um segundo dízimo. O primeiro era usado para o sustento dos Levitas e o segundo para prover para os festivais religiosos, tanto assim que chegou a ser referido como "O Dízimo para o Festival". O povo de Israel devia usar este dízimo para comer na presença do Senhor, em Jerusalém (o local que Ele escolheu para estabelecer seu nome). Se fosse demasiadamente incômodo para as pessoas de longe trazerem seus dízimos todo o caminho até Jerusalém, seria permitido que elas o vendessem e trouxessem o dinheiro [apurado] até Jerusalém, onde poderiam comprar aquilo de necessidade para os festivais. Deus expressamente encoraja as pessoas a gastarem o dinheiro deles em "tudo o que deseja a tua alma," incluindo bebida forte! ! [3] O propósito era que o povo de Israel pudesse aprender [ambas as coisas:] a temer o Senhor e a regozijar ante Ele. Note que ter um sentimento de temor do Senhor, e regozijar ante Ele, não são mutuamente exclusivos, mas, na realidade, são complementares, deveriam acompanhar um ao outro! Este "Dízimo Para o Festival" tornou possível ao povo de Israel ter toda a comida e bebida necessárias para que pudesse usufruir gozosamente das festas religiosas de Israel, e adorar ante o Senhor.
Deuteronômio 14:28-29 ["O Dízimo para os Pobres"]: Ao fim de três anos tirarás todos os dízimos da tua colheita no mesmo ano, e os recolherás dentro das tuas portas; 29 Então virá o levita (pois nem parte nem herança tem contigo), e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, que estão dentro das tuas portas, e comerão, e fartar-se-ão; para que o SENHOR teu Deus te abençoe em toda a obra que as tuas mãos fizerem. Aqui, somos ensinados a respeito de um terceiro dízimo que é coletado a cada terceiro ano. Os comentaristas Bíblicos estão divididos quanto a se este é realmente um terceiro dízimo, em separado, ou apenas é o segundo dízimo usado de um modo diferente, no terceiro ano. O historiador judeu Josephus apóia o ponto de vista de que este foi um terceiro dízimo, em separado. Outros antigos comentaristas judeus têm escrito em apoio a que é [apenas] o segundo [tipo de] dízimo que, a cada três anos, era coletado e usado com outro fim. É impossível se determinar com absoluta certeza quem está certo. De qualquer modo, o povo judeu tinha sido ordenado a dar pelo menos [10 + 10 =] 20 por cento das suas colheitas e rebanhos, e talvez tanto quanto [10 + 10 + 10/3] = 23.3 por cento! Este dízimo particular bem poderia ser chamado "O Dízimo para os Pobres". Não devia ser ajuntado em Jerusalém, mas nas aldeias. As pessoas de cada aldeia deviam trazer uma décima parte de suas colheitas e rebanhos e ajuntar tudo, para prover para os pobres da aldeia, incluindo os estrangeiros, os órfãos, e as viúvas.
Em muitos aspectos, parece que o dízimo exigido sob a Lei é hoje similar à taxação que o governo impõe sobre nós. Israel era governado por uma teocracia. Sob ela, o povo era responsável por prover para os trabalhadores do governo (os sacerdotes e os levitas em geral), para os dias santificados (festas de alegria ao Senhor), e para os pobres (estrangeiros, viúvas e órfãos).
Neemias 12:44: Também no mesmo dia se nomearam homens sobre as câmaras, dos tesouros, das ofertas alçadas, das primícias, dos dízimos, para ajuntarem nelas, dos campos das cidades, as partes da lei para os sacerdotes e para os levitas; porque Judá estava alegre por causa dos sacerdotes e dos levitas que assistiam ali. Note que o texto diz que os dízimos eram exigências "da Lei". Estes dízimos não eram voluntários como o foi nas vidas de Abraão e Jacó. Similarmente, lemos em Hebreus 7:5 "E os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm ordem, segundo a lei, de tomar o dízimo do povo, isto é, de seus irmãos, ainda que tenham saído dos lombos de Abraão." [Indiscutivelmente] o dízimo nunca foi voluntário, sob a Lei de Moisés. Note, aqui, que, nos dias de Neemias, homens eram indicados para ajuntarem as ofertas e os dízimos em câmaras designadas para aquele propósito particular. Estas câmaras eram para os bens armazenados, e depois se tornaram conhecidas como "casas do tesouro". Isto se tornará importante quando olharmos para o nosso próximo texto, em Malaquias 3.
Malaquias 3:8-12: Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas. 9 Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, sim, toda esta nação. 10 Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes. 11 E por causa de vós repreenderei o devorador, e ele não destruirá os frutos da vossa terra; e a vossa vide no campo não será estéril, diz o SENHOR dos Exércitos. 12 E todas as nações vos chamarão bem-aventurados; porque vós sereis uma terra deleitosa, diz o SENHOR dos Exércitos.
Examinemos esta passagem verso por verso, para que dela possamos extrair algumas importantes verdades.
3:8 Este verso nos diz que quando um homem retém seus dízimos ele está roubando, na realidade, a Deus. Isto porque ele está retendo algo que não lhe pertence, antes é propriedade de Deus. [4] Sob o Velho Pacto, o dízimo era mandatório, portanto retê-lo era se tornar um ladrão. Note também que Deus diz que o povo o estava roubando em dízimoS. Ele não disse no "dízimo", mas sim nos "dízimoS" (plural). Estes "dízimos" têm que se referir aos diferentes dízimos requeridos do povo de Deus (o Dízimo para o Levita, o Dízimo para as Festas ao Senhor, e o Dízimo para os Pobres). Adicionalmente, observe que Deus não está condenando o reter apenas dos dízimos, mas também das ofertas. Estas, sem dúvida, referem-se às ofertas especificadas em Levíticos 1-5, tais como a oferta queimada [holocausto], a oferta dos manjares, a oferta de paz, a oferta pelos pecados, e a oferta pelas culpas. Todas estas ofertas eram constituídas, principalmente, de sacrifícios de animais. O suprimento de comida e mantimento para os Levitas era provido, em grande parte, através destes sacrifícios de animais, dos quais os Levitas eram permitidos participar [comendo-os], em certos casos. Uma importante pergunta emerge a este ponto. Por que é que reconhecemos que o sacrifício de animais não é coisa para o Novo Pacto, mas dizemos que o dízimo o é? Se estivéssemos sob a obrigação de pagar dízimos hoje, então, certamente, ainda estaríamos obrigados a oferecer sacrifícios de animais. Deus amarrou um ao outro (os dízimos e os sacrifícios), e disse que Seu povo O estava roubando por reter a ambos. Não podemos decidir "pegar e escolher" qual dos dois ofereceremos a Deus, hoje. Das duas uma: [a] estamos sob a obrigação de oferecer ambos, tanto dízimos como ofertas de animais (sacrifícios), ou [b] ambos [dízimo e sacrifício] têm sido abolidos pela ab-rogação da Lei Mosaica.
3:9 Aqui, somos ditos que, como o povo de Israel estava retendo os dízimos e ofertas, conseqüentemente estava amaldiçoado com uma maldição. Note que o verso não diz "Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, sim, toda a humanidade." Ao contrário, diz "Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, sim, toda esta nação." Se dizimar fosse um mandamento moral e eterno para todos os povos de todos os tempos, então todos estes estariam sob maldição. Mas nosso texto somente diz que é toda nação de Israel que estava sob a maldição. Agora, o que é interessante sobre esta "maldição" é que, em Deuteronômio 28, somos ditos que se Israel, sob a Lei Judaica, desobedecesse os mandamentos de Deus, então a nação seria amaldiçoada. Note os seguintes textos: Deuteronômio 28:18 "Maldito o fruto do teu ventre, e o fruto da tua terra, e as crias das tuas vacas, e das tuas ovelhas. 23 E os teus céus, que estão sobre a cabeça, serão de bronze; e a terra que está debaixo de ti, será de ferro. 24 O SENHOR dará por chuva sobre a tua terra, pó e poeira; dos céus descerá sobre ti, até que pereças. 38 Lançarás muita semente ao campo; porém colherás pouco, porque o gafanhoto a consumirá. 39 Plantarás vinhas, e cultivarás; porém não beberás vinho, nem colherás as uvas; porque o bicho as colherá. 40 Em todos os termos terás oliveiras; porém não te ungirás com azeite; porque a azeitona cairá da tua oliveira. E todas estas maldições virão sobre ti, e te perseguirão, e te alcançarão, até que sejas destruído; porquanto não ouviste à voz do SENHOR teu Deus, para guardares os seus mandamentos, e os seus estatutos, que te tem ordenado;" (Dt 28:18, 23-24, 38-40, 45). Nestes versos, Deus adverte que, se o Seu povo desobedecesse Seus mandamentos e estatutos, então as ceifas dele falhariam, as chuvas não viriam, as colheitas seriam pequenas, a locusta [tipo de grilos ou gafanhotos] consumiria a comida, e o fruto das árvores falharia.
3:10 Nesta passagem, Deus fala da "casa do tesouro". Com base em Neemias 12:44, sabemos que isto se refere às câmaras no Templo, postas à parte e designadas para guardar os dízimos dados pelo povo para o sustento dos sacerdotes [e a todos os demais levitas]. Não existe sequer um fiapo de evidência de que devemos associar estas "casas do tesouro" aos prédios das igrejas para os quais os crentes do Novo Pacto devem trazer seus dinheiros. Ademais, a razão pela qual Israel devia trazer todos os dízimos para dentro da casa do tesouro era que houvesse [bastante] alimento na casa de Deus. Deus estava interessado em que os levitas tivessem comida para comer. Este era o propósito daqueles dízimos que eram trazidos para o Templo de Deus. Somos ditos, também, que se o povo de Deus fosse fiel em trazer seus dízimos para a casa do tesouro, Deus abriria as janelas do céu e derramaria para eles uma bênção até que transbordasse. Isto sem dúvidas refere-se à promessa de Deus de trazer abundantes chuvas para produzir a bênção de uma transbordante ceifa.
3:11 Neste verso, Deus promete que se Israel trouxer os dízimoS [e as ofertaS], Ele repreenderá o devorador para que não destrua o fruto da terra. Sem dúvidas, o "devorador" é uma referência às locustas que Deus adverte que virão sobre os campos de Israel se o povo falhar em trazer o dízimo (Dt 28:38; vide acima).
3:12 Neste verso, Deus graciosamente promete que, se Israel for obediente no dar os seus dízimoS e ofertaS, todas as nações a chamarão abençoada. É interessante que Deus não apenas advertiu Israel de que seria amaldiçoada se desobedecesse a Lei Mosaica, mas também prometeu que seria abençoada se a obedecesse. Note estes textos, "1 ¶ E será que, se ouvires a voz do SENHOR teu Deus, tendo cuidado de guardar todos os seus mandamentos que eu hoje te ordeno, o SENHOR teu Deus te exaltará sobre todas as nações da terra. 2 E todas estas bênçãos virão sobre ti e te alcançarão, quando ouvires a voz do SENHOR teu Deus; (Dt 28:1-2). 4 Bendito o fruto do teu ventre, e o fruto da tua terra, e o fruto dos teus animais; e as crias das tuas vacas e das tuas ovelhas. 8 O SENHOR mandará que a bênção [esteja] contigo nos teus celeiros, e em tudo o que puseres a tua mão; e te abençoará na terra que te der o SENHOR teu Deus. 11 E o SENHOR te dará abundância de bens no fruto do teu ventre, e no fruto dos teus animais, e no fruto do teu solo, sobre a terra que o SENHOR jurou a teus pais te dar. 12 O SENHOR te abrirá o seu bom tesouro, o céu, para dar chuva à tua terra no seu tempo, e para abençoar toda a obra das tuas mãos; e emprestarás a muitas nações, porém tu não tomarás emprestado." (Dt 28:1-2, 4, 8, 11-12). Aqui, Deus prometeu abençoar Israel materialmente, se ela fosse obediente. A promessa inclui abundantes colheitas, copiosas chuvas, e grandes aumentos nas manadas e nos rebanhos.
Portanto, é minha convicção que as bênçãos e maldições escritas em Malaquias 3:8-12 referem-se às bênçãos materiais que Deus prometeu a Israel, se ela obedecesse seus mandamentos e estatutos. Dizimar foi um destes mandamentos.
Portanto, que podemos concluir sobre o dízimo, sob a Lei Mosaica? Penso que, com segurança, podemos concluir que o dízimo não tinha nada a ver com o dar dinheiro regularmente, numa base semanal ou mensal, mas, ao contrário, tinha a ver com a adoração a Deus conforme ordenada no tempo do Velho Pacto. O mandamento para dizimar, tal como os mandamentos para não comer camarão nem ostras, tornou-se obsoleto e foi colocado de lado, pela inauguração do Novo Pacto, na morte de Cristo. O dízimo foi o sistema de impostos e taxas ordenado por Deus sob o sistema teocrático do Velho Testamento.
Se alguém deseja dizimar realmente [literalmente] de acordo com as Escrituras, teria que fazer o seguinte: 1) Deixar seu trabalho e comprar uma terrinha, de modo que possa criar seu gado e plantar e colher [grãos, verduras e frutas]. 2) Encontrar algum descendente de Leví, para sustentá-lo [e este a um descendente do levita Arão (que realmente seja sacerdote, no Templo, em Jerusalém)]. 3) Usar suas colheitas para observar as festas religiosos do Velho Testamento (tais como Páscoa, Pães Asmos, Pentecostes, Tabernáculos) [quando, como e onde Deus ordenou. Literalmente]; 4) Começar por dar pelo menos 20 por cento de todas as suas colheitas e rebanhos a Deus; e 5) Esperar que [com toda certeza] Deus amaldiçoe sua nação [em oposição ao próprio crente] com [grande] insuficiência material, se ela for infiel, ou a abençoe com [grande] abundância material, se for fiel.
Penso que todos nós concluiríamos que isto é completamente absurdo! Todos reconhecemos que Cristo tem abolido o sacerdócio levítico, os sacrifícios de animais, e as festas religiosas, em Cristo. Bem, se isto é verdade, por que estamos tentando segurar [i.é manter] o dízimo, que foi parte e parcela de todas essas ordenanças do Velho Testamento?
3 - Dizimando, no Novo Testamento
A coisa mais interessante sobre o conceito de dizimar, debaixo do Novo Testamento, é que é quase que virtualmente ausente . No NT há [somente] quatro diferentes passagens que fazem alguma menção ao dízimo. [Examinemo-las.]
Mateus 23:23: "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas." Esta passagem em Mateus é também repetida de uma forma similar em Lc 11:42. Em ambos os casos é importante notar que o dízimo tinha a ver com ervas que serviam de condimentos e eram cultivadas no quintal (o produto do campo), ao invés de ter a ver com dinheiro. Adicionalmente, Jesus falou estas palavras aos fariseus, que eram muito religiosos e guardadores da Lei, e o fez enquanto a Lei ainda estava em vigor. Dizer que, uma vez que Jesus falou a estes fariseus que deviam dizimar, isto força que também nós devemos dizimar, ignora o fato que aqueles fariseus viviam sob pacto e leis diferentes daqueles de um salvo do Novo Testamento. Cristo, através da sua morte, inaugurou o Novo Pacto, assim efetivando uma mudança na Lei (Lc 22:20; He 7:12) [Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós. (Lucas 22:20) Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei. (Hebreus 7:12)]. Finalmente, notemos que o dízimo aqui mencionado não foi voluntário em nenhum sentido da palavra. Jesus lhes diz que "deveis" [tendes o dever de] dizimar. [O dízimo] era mandamento, ordem para todos os judeus e, assim, era obrigatório.
Lucas 18:12: "Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo." Jesus, nesta passagem, está ensinando a parábola acerca do fariseu e do cobrador de impostos. Cristo põe estas palavras na boca do fariseu que se via a si mesmo como justo: "dou os dízimos de tudo quanto possuo." Cristo está enfatizando [não o dever do crente neo-testamentário pagar o dízimo mosaico aos levitas, mas] que o homem se vê a si mesmo como justo, confia em suas obras para ser aceitável ante Deus, todavia, a despeito do melhor que faça, não é justificado ao olhos de Deus. Repetimos: Cristo está falando acerca de um fariseu que dá o dízimo, ao tempo em que vivia sob a Lei Mosaica, não de um crente [da Dispensação da Igreja] dizimando sob o Novo Pacto.
Hebreus 7:1-10: "1 ¶ Porque este Melquisedeque, que era rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, e que saiu ao encontro de Abraão quando ele regressava da matança dos reis, e o abençoou; 2 A quem também Abraão deu o dízimo de tudo, e primeiramente é, por interpretação, rei de justiça, e depois também rei de Salém, que é rei de paz; 3 Sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas sendo feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre. 4 Considerai, pois, quão grande era este, a quem até o patriarca Abraão deu os dízimos dos despojos. 5 E os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm ordem, segundo a lei, de tomar o dízimo do povo, isto é, de seus irmãos, ainda que tenham saído dos lombos de Abraão. 6 Mas aquele, cuja genealogia não é contada entre eles, tomou dízimos de Abraão, e abençoou o que tinha as promessas. 7 Ora, sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo maior. 8 E aqui certamente tomam dízimos homens que morrem; ali, porém, aquele de quem se testifica que vive. 9 E, por assim dizer, por meio de Abraão, até Levi, que recebe dízimos, pagou dízimos. 10 Porque ainda ele estava nos lombos de seu pai quando Melquisedeque lhe saiu ao encontro." Nesta longa passagem, o objetivo do autor é mostrar a superioridade do sacerdócio de Cristo sobre o sacerdócio levítico e, portanto, exortar seus leitores para não retornarem às suas formas judaicas de adorar, repletas com seus sacerdócio, Templo e sacrifícios. O autor menciona o relato de Abraão pagando dízimos a Melquisedeque, [somente para o autor] mostrar que, desde que Levi estava nos lombos do patriarca Abraão, na realidade Levi pagou dízimos a Melquisedeque e foi abençoado por ele. Uma vez que é óbvio que o menor é sempre abençoado pelo maior, Melquisedeque e seu sacerdócio são maiores que os levitas e o sacerdócio deles. Aqui, o autor de Hebreus não está mais que reafirmando o fato que Abraão pagou dízimos a Melquisedeque, um fato que já temos analisado [acima]. Esta passagem não está exortando os crentes [neo testamentários] a darem [o dízimo] como Abraão o fez [mesmo que só do despojo de guerra e só uma vez na vida]. Ao contrário, está instruindo os crentes a perceberem a excelência de Cristo, o qual ministra como um sacerdote muitíssimo superior aos levitas. Portanto, esta passagem não pode ser usada para forçar o dízimo sobre os cristãos. Simplesmente, ela não foi escrita para tratar deste assunto. Ela não tem nada a ver com cristãos dadivando das suas rendas para Deus e sua obra, mas, ao contrário, tem tudo a ver com a superioridade de Cristo.
Bem, aí você tem a totalidade do ensino do Novo Testamento sobre o dízimo. Não há nem sequer uma, uma só palavra em todo o Novo Testamento que ordene ou mesmo sugira que se espera que crentes, dentro do Novo Pacto, dizimem. Mas, enquanto o Novo Testamento fica em total silêncio sobre o dever dos cristãos dizimarem, não o fica sobre o assunto de dadivar, sobre isto o NT fala muito e muito alto.
O Novo Testamento nunca estipula um certo valor percentual como um padrão obrigatório e exigido para nossas contribuições. Ao contrário, as Escrituras declaram: "Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria." (2Cor 9:7). O dízimo do Velho Testamento foi exigência legal. Os judeus estavam sob obrigação de dá-lo. O ensino do Novo Testamento sobre o contribuir focaliza o seu caráter voluntário "Porque, segundo o seu poder (o que eu mesmo testifico) e ainda acima do seu poder, deram voluntariamente." (2Co 8:3). Esta contribuição voluntária é exatamente o que Abraão e Jacó estavam praticando antes da instituição da Lei, e é o que todos os cristãos devem estar praticando hoje. Os crentes de hoje têm a liberdade de dadivar tanto quanto decidam. Se quiserem dar dez por cento como Abraão e Jacó o fizeram [já vimos a ocasião e através de quem o fizeram], eles estão perfeitamente livres para tal. No entanto, se decidirem dar 9 por cento ou 11 por cento ou 20 por cento ou 50 por cento, então podem muito bem fazê-lo. O padrão de suas contribuições não é uma percentagem fixa, mas o exemplo de um maravilhoso Salvador -- "Porque já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre; para que pela sua pobreza enriquecêsseis." (2Co 8:9). Nosso [exemplo-] padrão de contribuir é o próprio Cristo, o qual não deu 10 por cento nem 20 por cento nem mesmo 50 por cento, mas 100 por cento! Ele deu tudo que tinha, inclusive sua própria vida, para redimir homens e mulheres pecadores como eu e como você!
Algumas vezes aqueles que são ricos sentem que, se pagarem apenas seus dez por cento, Deus estará alegre com eles. No entanto, um rico que dá [apenas] dez por cento de seus rendimentos pode na verdade desagradar a Deus, se estiver vivendo uma vida de luxo extravagante enquanto dá [talvez mesmo de má vontade] uma mera "ração de fome" para a obra de Deus e para as necessidades dos outros. A vontade de Deus em relação a este homem pode ser que dadive de 50 a 80 por cento de seus rendimentos, ao invés de 10 por cento. Cada pessoa deve buscar a Deus sobre o [quanto e o] como ela deve dadivar.
Ademais, aqueles que são pobres não devem se sentir culpados se não forem capazes de dar dez por cento de seus rendimentos. É verdade que Deus honrará o homem que dá sacrificialmente, mas se uma pessoa decide que não pode dar dez por cento dos seus rendimentos e ainda assim satisfazer as necessidades mais básicas [suas e de sua família], nós temos que permiti-lo aquela liberdade, sem julgá-lo. Afinal, em lugar nenhum Deus falou aos cristãos que é dever deles dar qualquer percentagem fixa.
Que o efeito deste estudo seja libertar-nos dos grilhões das tradições dos homens que não possam ser substanciadas pela Palavra de Deus (Mar 7:1-13) [... 7 Em vão, porém, me honram, Ensinando doutrinas que são mandamentos de homens. 8 Porque, deixando o mandamento de Deus, retendes a tradição dos homens; como o lavar dos jarros e dos copos; ... 9 E dizia-lhes: Bem invalidais o mandamento de Deus para guardardes a vossa tradição. ... 13 Invalidando assim a palavra de Deus pela vossa tradição, que vós ordenastes. ...]. Olhai para Jesus como o padrão e exemplo do vosso contribuir. Procurai a Deus diligentemente, sede generosos e prontos a compartilhar, para que entesoureis para vós mesmos o tesouro de uma boa fundação para o futuro, de modo que alcanceis aquela que é a verdadeira vida! (1 Tim 6:18-19) [18 Que façam bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boa mente, e sejam comunicáveis; 19 Que entesourem para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam alcançar a vida eterna].
4 - Dadivando, no Novo Testamento
Se é verdade que dizimar foi parte da adoração de Israel no Velho Testamento, e que não tem nenhuma injunção prática sobre os crentes do Novo Testamento, então vem à tona, naturalmente, a pergunta "Que é que o Novo Testamento realmente ensina sobre o dar das nossas rendas [a Deus]?" Seguramente, o local de partida para os crentes do Novo Pacto começarem a entender qual é a revelada vontade de Deus para o dadivar deles, está nas Escrituras do Novo Testamento. É exatamente para lá que eu gostaria de lhe levar, para juntos examinarmos a vontade de Deus para o dadivar do [verdadeiro] cristão.
4.1 - o quanto do nosso dadivar
Uma vez que já temos estabelecido que o dízimo não é o padrão para crentes na Nova Aliança, como então determinarmos quanto os [verdadeiros] cristãos devem contribuir? Examinemos três diferentes textos, para colhermos, com esforço e cuidado, algum [real e profundo] entendimento sobre este importante assunto.
1 Coríntios 16:1-2: "1 ¶ Ora, quanto à coleta que se faz para os santos, fazei vós também o mesmo que ordenei às igrejas da Galácia. 2 No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que não se façam as coletas quando eu chegar." Em nosso texto, o apóstolo Paulo dá direções à igreja de Corinto: é em proporção ao quanto [cada um] tem prosperado que eles devem dar na coleta para os santos em Jerusalém, [os quais estão] em grande pobreza [e passando por enormes aflições]. Embora não exista nenhuma menção dos santos em Corinto darem um dízimo [ou qualquer outra percentagem imposta], eles são instruídos a darem proporcionalmente à sua prosperidade. O ponto em foco é simples -- aqueles com mais dinheiro dêem mais, aqueles com menos dinheiro, podem dar menos. Nada mais claro nem mais simples.
Atos 11:27-30: "... 29 E os discípulos determinaram mandar, cada um conforme o que pudesse, socorro aos irmãos que habitavam na Judéia. ..." Note, na narrativa, que foi proporcionalmente aos seus meios que os irmãos em Antioquia dadivaram para os irmãos que sofriam na Judéia. Em outras palavras, deram de acordo com suas capacidades. Aqueles com mais dinheiro deram mais, aqueles com menos dinheiro deram menos. Nada mais claro nem mais simples.
2 Coríntios 9:7: "Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria." Aqui, Paulo dá direções à igreja, para que dêem aquilo que têm proposto em seus corações. Note que o apóstolo não lhes diz quanto dar, nem lhes impõe uma percentagem fixa como padrão. Ele simplesmente lhes diz que, o que quer que tenham decidido dadivar, devem ir em frente e [efetivarem o] dadivar. Muitas vezes, no instante em que vemos uma necessidade, determinamo-nos a dar uma certa quantia, mas depois, quando o tempo de dar nos alcança, somos tentados a voltar atrás [ou ficar aquém]. Paulo ensina que devemos ser fiéis em fazer o bem segundo o que já tínhamos proposto em nosso coração. Mas note igualmente que o apóstolo Paulo deixa o valor a critério dos Coríntios. Não devemos permitir que outras pessoas [indevidamente] nos manipulem ou nos intimidem [psicologicamente ou de qualquer outra forma, levando-nos] a dar por um sentimento de culpa ou de pressão. Tem que não haver nenhuma compulsão [externa] em nosso dar; o valor tem que ser nossa própria decisão.
Estes textos do Novo Testamento nos ensinam que Deus deixa a nós o decidirmos sobre o valor das nossas contribuições. [Sim,] devemos dar em proporção aos nossos meios e a como Deus nos tem prosperado; ... mas, ao final, somos livres para darmos aquilo que temos o desejo de dar. Quão libertador isto é, quando consideramos as táticas manipulativas de arrancar dinheiro que muitas igrejas de hoje tão freqüentemente usam. Tenho estado em igrejas onde os líderes são induzidos a tomar empréstimos de mil ou dois mil dólares [22 a 44 salários mínimos brasileiros] [cada líder,] [para dar oferta extra à igreja, em certas campanhas]. Foram ditos que, se não derem [o estipulado], a obra de Deus fracassará. Os membros da congregação são pressionados a escrever e telefonar para parentes, pedindo dinheiro. Há campanhas pressionando para promessas [assinaturas de carnês, notas promissórias e outros documentos morais e legais] e para o fundo de construção, com grandes gráficos coloridos. À medida que o tempo passa, [todos] são pressionados a dar mais e mais. Permita-me submeter-lhe que tudo isto corre em direção contrária aos ensinos do Apóstolo em 2Co 9:7 [ver acima]. A vontade de Deus é que, quando vemos uma necessidade, oremos ferventemente por direção sobre como podemos satisfazer aquela necessidade. Então, com base na nossa situação financeira, dadivamos com um coração prazeroso e alegre.
4.2 - o propósito do nosso dadivar
A quais tipos de necessidades devemos usar nosso dinheiro para satisfazer? Será que o Novo Testamento nos dá alguma luz sobre este importante assunto? Creio que as Escrituras são muito claras nesta área. O Novo Testamento ensina que há três propósitos para nosso dadivar:
1. Satisfazer as necessidades dos santos:
Este tema é como um fio que vai através de [toda] a Escritura. Consideremos alguns textos:
Atos 2:44-45 "44 E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. 45 E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister." O espírito de amor e generosidade era tão grande, na igreja primitiva, que os crentes, de própria vontade e alegremente, abriram mão de suas próprias propriedades e possessões, para ministrarem às necessidades dos outros santos. Eles chegaram mesmo ao ponto de vender suas terras e casas para tomarem conta um do outro (Atos 4:34).
1 João 3:17"Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como estará nele o amor de Deus?"
Gálatas 6:9-10 "9 E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido. 10 Então, enquanto temos tempo, façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé." Embora o "façamos bem" não seja claramente definido, seguramente incluiria o dadivar para satisfazer as necessidades dos domésticos da fé.
Em adição a estes claros textos, lemos também, em Mt 25:31-40, que, quando Cristo voltar, separará as ovelhas dos bodes. As ovelhas são descritas como aqueles que alimentaram Cristo quando ele estava faminto, deram-lhe de beber quando estava sedento, vestiram-no quando estava nu. Quando as ovelhas replicam: "Senhor, quando ... e te demos de comer? ... e te demos de beber? 38 ... e te hospedamos? ... e te vestimos? 39 ... e fomos ver-te?" Cristo responde " Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes." Aqui, Jesus nos diz claramente que quando usamos nosso dinheiro para vestir e alimentar os irmãos de Cristo (crentes, de acordo com Mt 12:50 ["... qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, e irmã e mãe."]), estamos ministrando a ele. Ademais, 1Tm 5:16 ["... para que se possam sustentar as que deveras são viúvas."] dá instruções sobre como a igreja deve sustentar viúvas desvalidas. Ainda mais, temos visto, nos textos já citados, as muitas exortações do apóstolo Paulo para dadivar aos santos pobres em Jerusalém. Portanto, é bastante claro que uma das prioridades do dadivar no Novo Testamento é satisfazer as necessidades dos santos.
2. Satisfazer as necessidades dos obreiros cristãos:
Além de usarmos nosso dinheiro para satisfazer as necessidades dos nossos irmãos e irmãs em Cristo, as Escrituras também nos levam a usar nosso dinheiro para sustentar os que trabalham na obra do Senhor. Consideremos as seguintes passagens:
1 Timóteo 5:17-18: "17 ¶ Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina; 18 Porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário." Neste texto, "honra" tem que significar mais que [meras] estima e respeito, pois, no verso 3 do mesmo capítulo, Paulo manda a Timóteo "Honra as viúvas que verdadeiramente são viúvas." Honrar estas viúvas é prover para elas (v. 8) e assisti-las (v. 16). Portanto, quando Paulo menciona "honrar" os anciãos que trabalham duramente na pregação e ensino [da Palavra], imediatamente depois que ele mencionou honrar as viúvas, Paulo tem que ter a mesma coisa em mente -- prover e assistir aos anciãos financeiramente, de modo que possam se dedicar ao trabalho de labutarem na Palavra. Um ancião ensinador é como um boi que deve ser permitido comer enquanto está debulhando. Em outras palavras, deve ser sustentado e cuidado enquanto está trabalhando com todo esforço. Ele também é como um operário, o qual é digno de seu salário. A uniforme prática apostólica do Novo Testamento foi a de apontar anciãos para superintenderem as igrejas que os apóstolos plantavam. Paulo simplesmente está dirigindo as igrejas a proverem e assistirem financeiramente estes anciãos, de modo que possam dar seu tempo à tarefa de ministrarem ao rebanho.
1 Coríntios 9:6-14 "6 Ou só eu e Barnabé não temos direito de deixar de trabalhar? 7 Quem jamais milita à sua própria custa? Quem planta a vinha e não come do seu fruto? Ou quem apascenta o gado e não se alimenta do leite do gado? 8 Digo eu isto segundo os homens? Ou não diz a lei também o mesmo? 9 Porque na lei de Moisés está escrito: Não atarás a boca ao boi que trilha o grão. Porventura tem Deus cuidado dos bois? 10 Ou não o diz certamente por nós? Certamente que por nós está escrito; porque o que lavra deve lavrar com esperança e o que debulha deve debulhar com esperança de ser participante. 11 Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito que de vós recolhamos as carnais? 12 Se outros participam deste poder sobre vós, por que não, e mais justamente, nós? Mas nós não usamos deste direito; antes suportamos tudo, para não pormos impedimento algum ao evangelho de Cristo. 13 Não sabeis vós que os que administram o que é sagrado comem do que é do templo? E que os que de contínuo estão junto ao altar, participam do altar? 14 Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho." Nesta passagem Paulo está clamando que os apóstolos tinham todo o direito de abster-se de [viverem de] trabalhos seculares e todo o direito de receberem o sustento material daqueles a quem serviam. De fato, Paulo assevera que o Senhor mandou àqueles que proclamam o evangelho que obtenham seu viver do evangelho.
Filipenses 4:15-18 "15 E bem sabeis também, ó filipenses, que, no princípio do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja comunicou comigo com respeito a dar e a receber, senão vós somente; 16 Porque também uma e outra vez me mandastes o necessário a Tessalônica. 17 Não que procure dádivas, mas procuro o fruto que cresça para a vossa conta. 18 Mas bastante tenho recebido, e tenho abundância. Cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o que da vossa parte me foi enviado, como cheiro de suavidade e sacrifício agradável e aprazível a Deus." Neste texto o apóstolo declara expressamente que a dádiva que os filipenses lhe haviam enviado foi um fragrante aroma, um sacrifício aceitável, e foi agradável a Deus. O próprio Deus nos tem dado sua aprovação para usarmos nosso dinheiro para sustento de fiéis obreiros cristãos. Portanto, é importante que o povo de Deus utilize seus recursos financeiros para sustentar obreiros cristãos, quer sejam anciãos de uma igreja local, ou evangelistas itinerantes, ou missionários.
3. Satisfazer as necessidades dos pobres:
Em adição ao uso do nosso dinheiro para satisfazer às necessidades dos santos e dos obreiros cristãos, as Escrituras também nos mandam usar nosso dinheiro na satisfação das necessidades dos pobres. Considere os seguintes textos:
Lucas 12:33-34 "33 Vendei o que tendes, e dai esmolas. Fazei para vós bolsas que não se envelheçam; tesouro nos céus que nunca acabe, aonde não chega ladrão e a traça não rói. 34 Porque, onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração."
Efésios 4:28 "Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade." Aqui a pessoa que sofre a necessidade não é identificada como crente, mas presumivelmente pode ser qualquer um padecendo privação.
Tiago 1:27 "A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo." Visitar órfãos e viúvas em suas necessidades tem que significar mais que fazer-lhes uma mera visitinha social. Está implícita, na declaração, a idéia de ajudar estes órfãos e viúvas, o que, sem dúvidas, requereria dadivar sacrificialmente.
Como temos visto, podemos desta maneira sumariar o ensino do Novo Testamento sobre o propósito do dadivar -- [a] satisfazer as necessidades dos santos, [b] satisfazer as necessidades dos obreiros cristãos, e [c] satisfazer as necessidades dos pobres. Note que o dadivar, no Novo Testamento, é sempre para satisfazer as necessidades das pessoas. É interessante que aquela coisa na qual a igreja na América gasta a maior parte do seu dinheiro, depois de pagar o salário do seu pessoal, não é de modo algum mencionada [no Novo Testamento] -- prédios da igreja! A Bíblia simplesmente não fala de [nenhuma] igreja entrando em débito para comprar [ou construir] caros prédios, pela simples razão de que a igreja primitiva não se reunia em prédios especiais. Eles se reuniam em casas. Assim, não havia despesa "não estrita e diretamente com o evangelho e com pessoas" [tal despesa], só faria drenar a energia e as finanças da igreja. Desta maneira, todas as dádivas do povo de Deus podiam ir diretamente para satisfazer as necessidades de pessoas.
Incidentalmente, não há nas Escrituras nada de que eu tenha conhecimento e que exija que todo nosso dadivar ao Senhor tem que ser primeiramente entregue aos líderes da igreja, e depois distribuídos por eles [conforme eles o prefiram]. De fato, creio que algumas das nossas dádivas devem ser feitas diretamente de pessoa para pessoa, para preservarmos o anonimato (Mt 6:1-4). É, razoável, portanto, colocar de lado (em casa ou numa conta bancária separada e especial) uma parte da sua dádiva total, de modo que, quando uma necessidade especial ou uma emergência surgir, tenhamos alguns recursos financeiros de que possamos sacar para satisfazer aquela necessidade.
4.3 - o modo do nosso dadivar
Além de nos iluminar sobre o valor total e sobre o propósito do nosso dadivar, as Escrituras nos ensinam diversas coisas sobre como devemos dadivar.
1. Devemos dadivar anonimamente:
Em Mateus 6:1-4 [1 ¶ Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles; aliás, não tereis galardão junto de vosso Pai, que está nos céus. 2 Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. 3 Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita; 4 Para que a tua esmola seja dada em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, ele mesmo te recompensará publicamente. Jesus nos ensina a dadivar em segredo, para que aquele que vê em segredo nos recompense. Este tipo de dadivar é preferível pois protege o dadivador de orgulho espiritual. [20:07, 5/6/2016] +55 21 98569-2203: ONDE ESTÁ O DEVORADOR NA BÍBLIA?
Se você é evangélico provavelmente já deve ter ouvido alguém falar a respeito do devorador. Muitas igrejas pregam a respeito desse ser. Algumas corretamente, outras, por falta de conhecimento bíblico, erroneamente, trazendo ao povo confusão e engano. ONDE ESTÁ O DEVORADOR NA BÍBLIA? O texto mais famoso citado para falar a respeito do devorador é Malaquias 3. 11, que diz: “Por vossa causa, repreenderei o devorador, para que não vos consuma o fruto da terra; a vossa vide no campo não será estéril, diz o SENHOR dos Exércitos.” Esse texto é a continuação de Malaquias 3.10, o tão famoso texto que fala a respeito de dízimos no Antigo Testamento. Um bom grupo de pessoas diz que o “devorador” mencionado nesse texto é um demônio que destrói as finanças daqueles que não dão os 10%, ou seja, que não são dizimistas. As pessoas que pregam nessa linha trazem ameaças de destruição financeira aos seus ouvintes se os mesmos não forem dizimistas fieis. O DEVORADOR É MESMO UM DEMÔNIO?
A resposta é não! Os que afirmam que esse devorador citado no texto é um demônio, no mínimo, faltaram em algumas aulas de interpretação da Bíblia. A primeira coisa a sabermos é que no Antigo Testamento, a aliança que vigorava era uma aliança baseada na obediência. Se o povo fosse obediente às leis de Deus seriam abençoados. Essas bênçãos eram visivelmente mandadas em forma de paz e boas colheitas e prosperidade. Se fossem desobedientes, seriam amaldiçoados. Falta de paz e colheitas ruins estavam em vista aqui. (Deuteronômio 28). Em uma das ameaças de maldições em suas colheitas, que Deus manda ao povo através do profeta Joel, vemos que: “O que deixou o gafanhoto cortador, comeu-o o gafanhoto migrador; o que deixou o migrador, comeu-o o gafanhoto devorador; o que deixou o devorador, comeu-o o gafanhoto destruidor.” (Joel 1. 4). Uma maldição que tinha em vista a destruição da lavoura. O texto de Malaquias 3. 11 diz a mesma coisa: “Por vossa causa, repreenderei o devorador, para que não vos consuma o fruto da terra; a vossa vide no campo não será estéril, diz o SENHOR dos Exércitos.”. Esse devorador certamente se tratava de um tipo de gafanhoto altamente destrutivo ou outro “bicho” que acabava com as plantações (que eram a base da economia do povo de Israel). A ação devastadora desse “ser” acabava com a prosperidade do povo em pouco tempo atacando suas lavouras. Quando o povo era obediente a Deus e cumpria a Sua lei, que no caso desse texto é a lei de dizimar, Deus abençoava suas colheitas e negócios. Esse é o sentido desse texto. Assim, não faz sentido usar esse texto para afirmar que o devorador era um demônio ou coisa parecida. Nem faz sentido ameaçar as pessoas hoje em dia com esse devorador. [20:07, 5/6/2016] +55 21 98569-2203: DÍZIMO - Contribuição da Lei ou da Graça?
Para que, no caso de eu tardar, saibas como se deve proceder na casa de Deus, a qual é a igreja do Deus vivo, coluna e esteio da verdade. (I Timóteo 3:15) O objetivo deste estudo não é o de se contrapor ao dízimo, mas de esclarecer a verdade da forma certa de como contribuir pela graça, não por coação psicológica e doutrinária, utilizada por muitos líderes de igrejas, através de versículos da lei judaica, mas sim contribuir sem constrangimento exposto em (II Coríntios 9:7). O cristão não é obrigado a dar o dízimo, nem por medo do “devorador” (Malaquias 3:11) ou de ser amaldiçoado, porque o dízimo é um mandamento da lei judaica, além disso, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo e Ele já nos abençoou com todas as bênçãos nas regiões celestiais (Romanos 8:1) e (Efésios 1:3). Nem rouba a Deus o cristão que não dá o dízimo... não temos o dever de chamar de ladrão a quem Jesus libertou, se ele contribui com 0% ou 100% é uma atitude pessoal, ele é livre para decidir. Jesus condenou a atitude dos judeus escribas e fariseus que dizimavam até o cominho e não ofertavam o seu amor ao próximo. (Mateus 23:23), infelizmente, muitos cristãos têm repetido esta mesma atitude. Não há um só versículo no Novo Testamento, que registre a obrigatoriedade do cristão dizimar. Por outro lado, se o cristão deixa de contribuir ou diminui esta contribuição, por que descobre que não é obrigado, está agindo de má fé para com Deus, como fez Ananias e Safira, ele deve contribuir sim e feliz porque sabe que pode fazê-lo por amor a Deus e não por imposição de homens, e segundo o que propuser em seu coração. Toda a contribuição para a Igreja era feita unicamente através de ofertas e partilha de bens. Nós, cristãos, devemos ter o cuidado de não ficarmos como passarinho no ninho: obrigados a engolir o que colocam na nossa boca. Pela Lei, o dízimo era destinado à tribo levítica, aos sacerdotes desta tribo. Eles recebiam e se mantinham dos dízimos, porque não tinham herança e cuidavam do Templo de Deus, a Casa do Senhor, para onde os dízimos eram levados (Números 18:21/30). O Templo foi destruído e não existem mais os sacerdotes levitas. Pela Graça, a instituição do dízimo é ilegal e sem respaldo bíblico, porque todos nós somos sacerdotes de Cristo. (Apocalipse 1:6), pois não há mais necessidade desta tribo sacerdotal. O Dízimo foi estabelecido para os judeus; não para a igreja de Jesus Cristo. (Hebreus 7:5). Devemos compreender a diferença entre contribuir em LEI e o contribuir em GRAÇA, para não ficarmos debaixo de maldição, e obrigados a guardar toda a lei, se escolhermos seguir um mandamento dela, como disse o apóstolo Paulo em (Gálatas 5:3/4), pois quem cumpre um mandamento da lei é obrigado a guardar toda a lei. Somos servos do Senhor Jesus, não escravos de homens. (I Coríntios 7:23); (Gálatas 5:1) e foi para a liberdade que Ele nos chamou. Na Lei, o DÍZIMO era a causa principal da bênção do povo judeu e a bênção era consequência deste DÍZIMO (Malaquias 3:10). A maneira certa do povo judeu contribuir na LEI era dando o Dízimo para ser abençoado. Na GRAÇA, o Sacrifício de Cristo é a causa principal da bênção do povo cristão. Paulo, em (Efésios 1:3) nos afirma que Deus nos abençoou “EM CRISTO”, não “EM DÍZIMO”, por este motivo, a maneira correta do povo cristão contribuir em GRAÇA é no uso de (II Coríntios 9:7), porque abençoados já somos. Ao invés de incentivar os cristãos, com amor, a contribuírem na casa de Deus, muitas autoridades dizem que não o obrigam o pagamento do dízimo, mas usam textos do antigo testamento, como: ...repreenderei o devorador; ...roubais ao Senhor nos dízimos.. etc, que produzem temor nas pessoas e medo de maldição, porque tais autoridades dependem de altos salários pagos pelas igrejas ou têm receio que a obra do Senhor seja prejudicada se não houver imposição ou, por despreparo repetem os erros dos outros líderes, a todos faltando fé suficiente de que Deus prosperará a igreja, através da contribuição espontânea dos irmãos, como ocorria na igreja primitiva. O resultado disso tudo é o engano, o desvio da Verdade. Cristo não colocou “VINHO NOVO”(A GRAÇA) em “ODRES VELHOS”(A LEI). (Marcos 2:22). Jesus estabeleceu tudo novo e jogou fora o que era velho (Gálatas 4:30); (Hebreus 8:13). Não podemos fazer do cristianismo uma seita judaica. Paulo afirma (Gálatas 2:14). Toda esta confusão sobre o Dízimo seria erradicada do nosso meio se nos empenhássemos mais em conhecer profundamente a Palavra, sermos adultos na fé e não meninos. Se quisermos nos aprofundar na Palavra, devemos confrontar sempre o que as pessoas ensinam com o que a Bíblia realmente diz (I João 2:27), fazermos como os crentes de Beréia. Origens do dízimo DÍZIMO é um preceito da LEI de Moisés (Números 18:24), embora Abraão tenha dizimado antes da Lei, no lugar do número dos sacerdotes, os quais se encontravam nos seus lombos. (Hebreus 7:9/10). O Dízimo passou a ser um pacto (Deuteronômio 12:6/17), um contrato, entre Deus e os israelitas (Deuteronômio 14:22/28). Todavia, nem os gentios, e nenhum representante da Igreja de Cristo estavam lá para ouvir este pacto, ficando assim, a Igreja atualmente, comprometida com o dízimo. Porém, como Jesus cumpriu toda a lei (Romanos 10:4), ao estabelecer uma Novo Testamento (Hebreus 8:13), nem mesmo o judeu tem qualquer compromisso com a observância do Dízimo, uma vez convertido a Cristo. DISPENSAÇÃO: É um período em que o homem é provado na sua obediência a certa revelação da vontade de Deus. Encontra-se três vezes no Novo Testamento, em (Efésios 1:10); (Efésios 3:2) e (Colossenses 1:25). POVOS nas Escrituras Sagradas: judeus, gentios e Igreja (judeus + gentios). O DÍZIMO surgiu na dispensação da Promessa, de Abraão até Moisés. Deus estava para estabelecer o número de sacerdotes (10% da tribo de Levi), na dispensação da Lei, dentre os filhos de Levi, que já se encontravam nos lombos (no corpo) de Abraão, seriam seus descendentes (Hebreus 7:9/10) com a finalidade de ministrarem no Templo onde passariam a habitar. Foi o principal motivo, pelo qual, o Espírito inspirou Abraão a pagar a Melquisedeque o dízimo (Hebreus 7:4), referente a 10% dos sacerdotes da tribo de Levi que estavam nos seus lombos. Quando o dízimo foi instituído na Lei, os levitas ficaram isentos de pagá-lo, como diz o texto: ...Levi que recebe dízimos, pagou-os na pessoa de Abraão. (Hebreus 7:5/9). Ficaram isentos porque o dízimo deles foi pago na pessoa de Abraão a Melquisedeque, que era a figura do sacerdócio eterno de Cristo. Os sacerdotes levitas foram os únicos autorizados por Deus, aqui na terra, segundo as Escrituras, a receberem dízimo (II Crónicas 31:5/6) e (II Crónicas 31:12); (Neemias 10:37) e (Neemias 12:44), não o Sistema eclesiástico atual. Muitos irmãos indagam: “Mas porque Deus tem me abençoado, depois que tenho dado o dízimo?” Ora, se a Palavra diz que Deus é misericordioso até com os maus (Mateus 5:45), quanto mais com um filho seu, que é generoso para contribuir na Obra do Senhor, mesmo que não tenha conhecimento real da profundidade desta contribuição, sendo o seu coração sincero diante de Deus, Deus o prosperaria independentemente do que ele oferta ou do que vota. Deus está mais interessado na misericórdia dos nossos corações, que nos sacrifícios de nossas mãos, como dito em (Mateus 9:13). Foi extinto o sacerdócio levítico, que era da lei, para que um outro sacerdócio fosse levantado, segundo a Graça, Eterno (Hebreus 7:11/12). Somos livres em tudo, inclusive na forma de contribuir: Não há limite de contribuição, é segundo o que você propõe no seu coração, 0% ou 100%. A obrigação do dízimo, não mais existe. É um preceito da Lei judaica! (II Coríntios 9:7) Como contribuir? Em Lei ou em Graça? Para você entender melhor, usamos o seguinte exemplo: O Adultério Na Lei: Para não adulterar, o meio utilizado foi o apedrejamento (Levítico 20:10). Na Graça: Para não adulterar, o meio utilizado foi o amor a Cristo (II Coríntios 5:14). Contribuição Na Lei: Para contribuir, o meio utilizado foi o medo do devorador (Malaquias 3:10/11). Na Graça: Para contribuir, o meio utilizado é o amor a Cristo (II Coríntios 9:7). No Adultério e na Contribuição, mudou o meio, mas o objetivo foi o mesmo: Não adulterar e sempre contribuir. É isto que Deus quer revelar à sua igreja. Você vive debaixo da GRAÇA e não debaixo da LEI. Porque quando se faz uso da lei estando em graça, para alcançar certo objetivo, mesmo que certo, mas se o meio utilizado estiver errado, o resultado é a separação de Cristo e o cair da graça, sendo assim, a pessoa é obrigada a cumprir toda a lei, como nos afirma o Espírito Santo através de Paulo em (Gálatas 5:3/4). É por este motivo que se torna um erro gravíssimo o uso de (Malaquias 3:10) em plena GRAÇA em que vivemos, neste sentido (Malaquias 3:10), tornou-se no meio evangélico, “o pezinho de coelho” e “ferradura da sorte” para muita gente, principalmente para o Sistema Religioso atual, que não consegue viver por fé, porque a fé não é de todos (II Tessalonicenses 3:2) é só dos eleitos de Deus (Tito 1:1). Infelizmente, muitos se comportam como aqueles que queriam atirar a primeira pedra na mulher adúltera, provavelmente, se Jesus estivesse aqui diriam: “Mestre, este irmão ou irmã foi apanhado(a) em flagrante roubo, não tem dado o dízimo, vive roubando a Deus, (Malaquias 3:10) diz que tais sejam entregues ao devorador e que Deus não deve abrir as janelas dos céus para abençoá-las. Tu, pois o que dizes?” Creio que Jesus daria esta resposta: “O que você tem a ver com isso?”. Assim como ninguém vive perguntando se você é adúltero, também não deve viver perguntando se você é dizimista. Muitos chegam até ao absurdo a constranger o irmão ou irmã, expondo-o à vergonha de ter o seu nome numa relação de não dizimistas pregada na porta da igreja, quando não, tiram-lhe o ministério ou o discriminam, mas quando é um(a) irmão(ã) que dá um dízimo elevado, este, muitas vezes, é o mais honrado na igreja. Notemos que O Deus que fala em (Malaquias 3:10), é o mesmo que diz em (Malaquias 2:16) “... Pois eu detesto o divórcio, diz o Senhor Deus de Israel...” e quase não ouvimos falar deste assunto nas igrejas. Repetimos: não se faz aqui, apologia à AVAREZA, porque isso não é de Deus e os avarentos, diz a Bíblia, não herdarão o Seu Reino, podemos dar até tudo o que temos, por amor, ao Senhor e isto alegra o coração de Deus: como alegrou o coração de Jesus observar a viúva pobre que deu tudo o que tinha. O que é errado é a forma escandalosa e nada cristã, relativa às contribuições. O crente em Jesus dá com alegria e amor, até mais de 10%, se puder. Mateus 23:23 Jesus, acima, está falando para os fariseus daquela época, não para a igreja, que até então, não havia sido totalmente formada com fundamentos da graça, o ministério de Cristo não havia ainda sido consumado. (o véu do templo não havia sido rasgado) , tanto que Jesus ordenou ao homem que era leproso para apresentar-se ao sacerdote e fazer oferta pela purificação, conforme a Lei (Lucas 5:14). Os conservadores do dízimo ainda dizem: O DÍZIMO é uma tradição que devemos manter para não transgredir. O mesmo argumento utilizaram para Jesus em relação ao Sábado (Marcos 2:24) e o Lavar as mãos antes de comer (Mateus 15:2). Porque o Sábado fazia parte da Torá (lei judaica) e o Lavar as mãos fazia parte da Halaká (comportamento judaico). Veja o que oDINHEIRO faz, a ponto de esquecerem que, tanto o Dízimo como o Sábado e o Lavar as mãos eram tradições judaicas e não gentílicas. O DÏZIMO passou a ser a única tradição judaica que o Sistema Religioso vem mantendo até hoje no seio da Igreja gentílica. Não é um absurdo??? Fazem uma lavagem cerebral religiosa porque o dízimo é a galinha dos ovos de ouro para muitos: é a única tradição que traz estabilidade financeira, mas não para Deus, porque Ele de nada necessita, pois é o dono de todas as coisas. Nem tampouco é servido por mãos humanas, (Atos 17:25). Infelizmente, muitas igrejas têm se tornado bem parecidas com a Antiga Igreja Romana, que usava as indulgências como fonte de lucro, induzindo os fiéis a contribuírem por medo da maldição, a comprarem sua salvação do Inferno e do Purgatório. Se um crente amaldiçoado pelo falta do seu dízimo, é ladrão, como pode estar liberto? Isto nos faz julgar o irmão e afirmar que o sacrifício de Cristo não foi suficiente na sua vida, como faz a Igreja Romana. Pare !... Confira na Palavra e reflita sobre tudo o que foi escrito aqui, Não permaneça debaixo da lei, mas se dizimar, faça-o com uma consciência liberta, mesmo que preguem ou façam o contrário. A Verdade deve sempre prevalecer, como disse o apóstolo Paulo: “Tornei-me acaso vosso inimigo, porque vos disse a verdade?” (Gálatas 4:16); (Romanos 7:4); (Gálatas 5:1). [20:08, 5/6/2016] +55 21 98569-2203: OS GAFANHOTOS
Neste artigo, quero tratar de um assunto que é muito ensinado nas igrejas, onde a imaginação humana toma o lugar da hermenêutica no que diz respeito a interpretação de alguns textos. É o caso dos gafanhotos que está registrado em Joel 1:4, que diz – “O que ficou da lagarta, o gafanhoto o comeu, e o que ficou do gafanhoto, a locusta o comeu, e o que ficou da locusta , o pulgão o comeu". Em algumas traduções os termos lagarta, gafanhoto, locusta e pulgão são substituídos por; cortador, migrador, devorador e destruidor. Estes insetos, na interpretação de alguns teólogos sofrem uma espécie de metamorfose diabólica, onde os mesmos se transformam em terríveis demônios e que só existe um meio de combatê-los, é o pagamento de indulgencias na forma de dizimo e ofertas, e quanto maior a paga maior sera sua benção.
O devorador, segundo os pastores neopentecostais e pentecostais afirmam, e também muitos cristãos influenciados e ensinados por estes pastores, é um tipo de "demônio" que devora as finanças e causa os mais variados tipos de prejuízos em diversas áreas da vida do cristão que não dizima ou é infiel nos dízimos e ofertas. Este tipo de demônio, dizem eles, nem a oração têm o poder de repreendê-lo, porém, somente o dízimo pode neutralizar o seu poder contra os cristãos. Os que creem no “demônio devorador” utilizam como base para a existência destes um texto muito conhecido de todos, a saber, Malaquias 3.10-12 em paralelo com Joel 2.25-27. Senão vejamos:
Malaquias 3.10-12 – "Trazei todos os dízimos ao tesouro do templo, para que haja mantimento “na minha casa” [“no templo” ênfase minha], e provai-me nisto, diz o Senhor dos exércitos, e vede se não vos abrirei as janelas do céu e não derramarei sobre vós tantas bênçãos, que não conseguireis guardá-las. Por vossa causa também repreenderei “a praga devoradora” [ou o devorador ARA], e ela [ou o devorador ARA] não destruirá os frutos da vossa terra, nem as vossas videiras no campo perderão o seu fruto, diz o Senhor dos exércitos. E todas as nações vos chamarão bem aventuradas; pois a vossa terra será aprazível, diz o Senhor dos exércitos." (Almeida Século 21)
Joel 2.25-27 – "Assim vos restituirei os anos consumidos pelo “gafanhoto” migrador, pelo assolador, pelo destruidor e pelo cortador, meu grande exército que enviei contra vós. Comereis à vontade e vos fartareis, e louvareis o nome do Senhor vosso Deus, que agiu em favor de vós de maneira maravilhosa; e o meu povo nunca será envergonhado. Vós sabereis que eu estou no meio de Israel e que eu sou o Senhor vosso Deus, e não há outro; e o meu povo nunca mais será envergonhado." (Almeida Século 21)
Antes, porém, de analisarmos exegeticamente estes dois textos em pauta e chegarmos celeremente à conclusão, é essencial e de suma importância para obtermos uma logre compreensão do tema entendermos, ainda que em um breve resumo, o contexto do livro de Malaquias e Joel.
O profeta Malaquias surgiu no cenário de Israel num tempo em que imperava a tepidez espiritual. Israel estava desmotivado e em profundo desânimo. E por que? Acerca disso, Augustus Nicodemus Lopes, escreve: "Fazia cerca de 100 anos que os judeus tinham regressado do cativeiro. Deus havia mandado o povo de Israel para o exílio, por volta de 600 ou 500 a.C, em razão reiterada idolatria e falta de arrependimento. (...) Parte do povo foi para o Egito, outra se dispersou e muitos outros morreram. Durante 70 anos, o povo permaneceu cativo na Babilônia. Tempos depois Deus trouxe de volta [o povo] à terra prometida. Esse período está registrado nos livros de Esdras e Neemias, dois homens levantados por Deus para liderar o retorno da nação à terra prometida. Porém, nem todos regressaram; parte do povo ficou na Babilônia; outra permaneceu no Egito. Mas um grande contingente voltou para a terra de Israel...
Quando regressaram, os judeus pensavam ter chegado o tempo do cumprimento das grandes promessas que os profetas de Israel haviam feito. Isaías, Ezequiel e Jeremias profetizaram um tempo maravilhoso para o povo de Deus após a restauração, e o povo acreditava que aquele seria o tempo em que essas promessas se cumpririam.
Só que cem anos se passaram desde a volta do cativeiro, e as coisas não estavam acontecendo conforme a expectativa. Promessas tinha sido feitas, mas a realidade não estava de acordo com elas. (...) Por meio dos profetas o Senhor prometera uma grande restauração de seu povo na terra, mas somente parte dele retornou da Babilônia. Os profetas haviam mencionado um período de paz, mas eles ainda estavam cercados por inimigos".[1]
Sendo assim, a dedicação e o amor para com Deus havia se esvaído do coração do povo (1.1-5). Os sacerdotes estavam corrompidos (1.6 – 2.9). O povo havia se casado com mulheres estrangeiras que cultuavam deuses pagãos (2.10-15; Ed 9 – 10; Ne 13.23-27). Estavam cometendo injustiças sociais (3.5; Ne 5.1-13). E, finalmente, vemos a infidelidade do povo para com Deus retendo os dízimos e as ofertas (3.6-12; Ne 13.10-14). Augustus Nicodemus Lopes ainda diz que os cultos a Deus viraram mero formalismo, rituais mecânicos e sem vida. O coração do povo não estava mais neles. Cada um dava prioridade a seus assuntos pessoais, em vez de se dedicar a terminar a reconstrução do templo e prestar culto a Deus.[2]
Não obstante, Joel, por sua vez, um dos mais antigos profetas do Antigo Testamento, aparece em meio a um período de seca prolongada em Judá durante o reinado do rei Joás, provavelmente por volta do ano 835-796 a.C,. Todavia, uma grande invasão de gafanhotos destruiu quase toda a plantação que havia na Terra Prometida, afetando toda a terra, resultando, assim, numa grave crise econômica (1.7-20), o que afetou o Reino do Sul deixando-o muito enfraquecido economicamente. Entretanto, esse desastre natural enviado por Deus e executado pelos gafanhotos, serviu para Joel de ilustração a despeito do cerne de sua mensagem, ou seja, o castigo de Deus em virtude dos pecados dos sacerdotes e do povo (2.1-17). Contudo, é bem possível que, assim como o povo de Israel na época de Malaquias, a causa do castigo de Deus ao povo de Judá foi também devido à tepidez espiritual. O profeta Joel convoca este povo que havia deixado de amar a Deus acima de tudo para um sincero arrependimento descrito em (2.13).
Portanto, entendido um pouco do contexto da mensagem de Malaquias e Joel, resta-nos saber, então, o que é o devorador, se é uma espécie de “demônio” que atua causando prejuízos na vida daquele que não dizima e se existe mesmo este “demônio”. O “devorador” (ARA, ARC), ou a “praga devoradora” (Almeida Século 21), ou ainda as “pragas” (NVI), é simplesmente a descrição de um inseto chamado gafanhoto! Existem alguns tipos de gafanhotos nos quais o profeta Joel descreve. Senão vejamos:
1) O Cortador (gazam) é um tipo de gafanhoto que se instala ou habita na plantação. Ele destrói uma parte dos frutos apenas. Sendo assim, o agricultor na época da colheita sofre certo prejuízo financeiro perdendo uma parte dela que fica imprópria para o consumo alimentar. 1) Gazam (traduzida como gafanhoto cortador). Essa palavra hebraica só aparece de novo em Am 4,9: “Feri-vos com crestamento e ferrugem; a multidão das vossas hortas, e das vossas vinhas, e das vossas figueiras, e das vossas oliveiras, foi devorada pela locusta (gazam); contudo não vos convertestes a mim, diz o Senhor”. Da raiz “gazar” – cortar. O verbo aparece em 2 Rs 6,4 – “e, chegando eles ao Jordão, cortavam [do verbo gazar] madeira”.
2) O Migrador (arbeh), diferente do cortador que habita nas plantações, é um tipo de gafanhoto que voa em bando por diferentes lugares e que aparece de repente na plantação destruindo mais a colheita aumentando mais o prejuízo do agricultor. 2) 'arbeh (traduzido como gafanhoto migrador). Ocorre mais de vinte vezes na Bíblia. É um dos insetos que o livro de Levítico (Lv 11,22) permite comer. “Deles, comereis estes: a locusta ('arbeh), segundo a sua espécie...”.
3) O Devorador ou Infestante (jelek), por sua vez, é o tipo mais devastador de gafanhoto que, assim como o migrador, voa também em bando que chega a cobrir o céu dando o aspecto de tempo fechado. Esta nuvem, contudo, é composta de muitos gafanhotos que, quando pousa sobre uma plantação, infesta e a destrói quase que por completo em cerca de meia hora, apenas, levando o agricultor a ter mais prejuízos, pois não se dá para aproveitar muita da colheita. 3) yekeq (traduzido por devorador). Menos de dez ocorrências, como em Jr 51,14. “Jurou o SENHOR dos Exércitos por si mesmo, dizendo: Encher-te-ei certamente de homens, como de gafanhotos (yekeq), e eles cantarão sobre ti o eia! dos que pisam as uvas”.
4) O Destruidor (chasel), por fim, é o tipo de gafanhoto que possui o maior poder de destruição. Quando uma plantação sofre o ataque destes insetos, ela é completamente destruída levando o agricultor praticamente ou quase à falência. 4) hasiyl (traduzido por destruidor). Larva de gafanhoto ou alguma praga que atingia a lavoura, cf. 1 Rs 8,37. “Quando houver fome na terra ou peste, quando houver crestamento ou ferrugem, gafanhotos e larvas (hasiyl)...”.
O ataque de gafanhotos literais que Judá sofreu na época do profeta Joel foi o castigo de Deus! Conforme vimos anteriormente, esta nação havia pecado gravemente contra o Senhor, e o castigo que resultou numa assoladora crise econômica de toda a nação era o meio de Deus levar o povo ao arrependimento de seus pecados e a se voltar para ele. Este mesmo entendimento se aplica também no caso de Malaquias, onde o povo de Israel que sobrevivia da agricultura, pois era a profissão de praticamente todos eles, também sofreu financeiramente com a praga de gafanhotos devoradores.
Portanto, a ideia de que existe um demônio chamado devorador é uma falácia criada no laboratório das heresias!
Embora não vemos nenhuma menção que o devorador seja um demônio nos evangelhos por Jesus e nas cartas por Paulo, Pedro, João, Tiago, Judas e Hebreus, todavia, o pastor ou pregador equivocado que ensina sobre o devorador, além de ser ganancioso e um tipo de estelionatário religioso, também engana o povo de Deus ensinando eles a contribuírem financeiramente na igreja por medo do devorador e por ganância (o que é pecado) de receber de Deus bênçãos financeiras duplicadas ou outras bênçãos quaisquer (1Tm 6.6-11; Mt 6.19-21). O devorador não é um demônio que causa prejuízos financeiros na vida daquele que é infiel nos dízimos e nas ofertas, mas, simplesmente, um inseto [gafanhotos] de acordo com as Escrituras que Deus utilizou para executar o seu juízo disciplinador sobre o seu povo que estava vivendo em pecado. Deus, indubitavelmente, utiliza meios para nos disciplinar e nos levar ao arrependimento ainda hoje quando não estamos vivendo a vida que ele requer de nós, quer seja uma doença, uma crise financeira ou no casamento, a morte de um ente querido dentre outras coisas. A disciplina é simplesmente o cuidado e o amor de Deus para com os seus filhos (veja Hb 12.4-14). Portanto, não existe o devorador, mas, sim, o falso pastor enganador que é o próprio devorador financeiro dos incautos!
Mateus 7.15 - "Cuidado com os falsos profetas, que vêm a vós disfarçados em pele de ovelha, mas interiormente são lobos DEVORADORES!" (Almeida Século 21)
FONTES [1] Augustus Nicodemus Lopes. O Culto Espiritual, pág 11-12. [2] Ibid, pág 13-14. [3] Hernandes Dias Lopes. Malaquias, pág 103. [20:09, 5/6/2016] +55 21 98569-2203: TODA A VERDADE SOBRE O DÍZIMO COMENTÁRIO NA VISÃO JUDAICA TODA A VERDADE SOBRE O DÍZIMO
TODA A VERDADE SOBRE O DÍZIMO COBRADO NO MUNDO CRISTÃO
Introdução:
O mundo cristão se APROPRIOU de uma Mitzvá ordenada pelo Eterno em sua Torah, cuja aplicabilidade, função, usufruto, local e objetividade são ESPECÍFICOS a um determinado contexto e período de tempo vigente pela Torah Sagrada, Adonai ordenou o sistema de Dízimos para uma função específica e Ele mesmo chama de LADRÃO todo aquele que se utiliza desta Mitzvá indevidamente conforme foi revelado ao profeta Malaquias:
“Pode um homem ROUBAR de D’us? Contudo vocês estão me ROUBANDO. E ainda perguntam: “Como é que te roubamos?” Nos Dízimos e nas ofertas. Vocês estão debaixo de grande MALDIÇÃO porque estão me roubando; a nação(de Yisrael) toda está me roubando” (Malaquias 3:8 e 9)
“Também fiquei sabendo que os levitas não tinham recebido a parte que lhes era devida e que todos os levitas e cantores responsáveis pelo culto(do Templo) haviam voltado para suas próprias terras. Por isso REPREENDI os oficiais e lhes perguntei: "Por que essa negligência com o Templo de D’us?" Então convoquei os levitas e os cantores e os coloquei em seus postos. E todo o povo de Judá trouxe os DÍZIMOS do trigo, do vinho novo e do azeite aos depósitos” (Neemias 13:10 a 12)
Observem que o Dízimo tinha uma função específica que veremos a seguir e quem se apropriasse da Mitzvá do Dízimo DESVIANDO-O para outras finalidades particulares, estaria debaixo de MALDIÇÃO, palavras do Eterno.
Resumo histórico:
A palavra “dízimo” aparece pela primeira vez em Gênesis 14: 18 a 20 no episódio da matança dos reis feita por Abrão, após o patriarca ter recuperado seu sobrinho e todos os seus bens, e dos despojos que sobrou, Abrão deu um Dízimo ao sacerdote Melk’tzedek, este preparou um Kidush com pão e vinho para celebrar a vitória de Abrão, embora neste contexto o dízimo apareça como uma oferta de gratidão, porém, o direcionamento desta oferta estava correto, isto é, foi direcionada a um Sacerdote do D’us Altíssimo, portanto não fugiu a regra da Torah, mesmo para aqueles que defendem o dízimo como oferta, de acordo com o contexto, deveria ser entregue a um Sacerdote do D’us Altíssimo, e não a uma instituição religiosa qualquer. Porém, quando Adonai estabelece o povo de Yisrael como a Nação Eleita e Sacerdotal, Adonai faz do dízimo uma Mitzvá da Torah, transformando o princípio do Dízimo em LEI, a partir daí, o Dízimo NÃO PODERIA MAIS SER USADO PARA OUTROS FINS, tornando-se em grave violação da Torah o seu uso indevido e por pessoas DESABILITADAS por Adonai, e isto é um fato irrefutável.
Dízimo era apenas um????
O mundo cristão se apropriou da Mitzvá do Dízimo porque viu nele um sistemo lucrativo de enriquecimento ilícito muito rápido e de construção e formação de grandes impérios denominacionais religiosos, mas vem a pergunta que não quer calar: Dízimo era apenas Um??? É aqui que começa o problema para a religião cristã e suas afiliadas. A grande maioria das igrejas ditas evangélicas e a própria igreja católica apostólica romana não mencionam, mas, no contexto da Beyt haMikdash (o Templo Sagrado), foi ordenado pelo Eterno como Mitzvá da Torah três(03) Dízimos como legislação vigente mencionadas na Torah, que são estes:
1º Dízimo Maasser Rishon=> Para o sustento da obra do Templo e seus respectivos REPRESENTANTES LEGAIS (Sacerdotes e Levitas – Números 18:21 e Malaquias 3:10)
2º Dízimo Maasser Sheni=> Dízimo para o próprio dizimista, para ser usado nas celebrações perante o Eterno, preferencialmente com a família nas Festas Sagradas do Eterno, as Santas Convocações(Levítico 23:1 e 2 / Deuteronômio 14:22 e 23)
3º Dízimo Maasser Aniy=> Para o sustento dos pobres, necessitados e menos favorecidos, órfãos, viúvas e estrangeiros pobres(Deuteronômio 26:12 e 13)
Agora eu faço uma pergunta óbvia: Qual das igrejas ditas evangélicas e católica que revindicam a cobrança de dízimos, praticam estas 3 formas de Dízimo que foi estabelecido pelo Eterno???? Estas religiões cobradores de Dízimos pegam apenas o dízimo que lhes interessa, ou seja, o Maaser Rishon e iludem seus adeptos dizendo que, como não existe mais o Templo de Jerusalém, suas ditas igrejas foram transformadas em “santuários” para D’us, porém, Adonai foi muito específico, os israelitas só deveria trazer os dízimos no local escolhido pelo Eterno onde ali habitaria o seu Nome, a saber, o Templo de Jerusalém, vejamos:
“Mas procurarão o LOCAL que Adonai, o seu D’us, escolher dentre todas as tribos para ali pôr o seu Nome e sua habitação. Para lá vocês deverão ir e levar holocaustos e sacrifícios, DÍZIMOS e dádivas especiais, o que em voto tiverem prometido, as suas ofertas voluntárias e a primeira cria de todos os rebanhos..... Então, para o LUGAR que Adonai, o seu D’us, escolher como habitação do seu Nome(Templo), vocês levarão tudo o que eu ordenar a vocês: holocaustos e sacrifícios, DÍZIMOS e dádivas especiais e tudo o que tiverem prometido em voto a Adonai” (Deuteronômio 12:5, 6 e 11)
Aí está o ERRO GRAVE de todas estas instituições religiosas cobradores de dízimos, IGNORAM e DESPREZAM uma ordem expressa do Eterno, que ordena a todo israelita levar seus dízimos a um Local específico onde o Eterno estabeleceria o seu Nome, a Beyt haMikadesh(Templo Sagrado), tais instituições pretendem aplicar aos dias de hoje, ignorando o restante, Isto é zombar do Eterno! Assim diz a Torah a respeito da herança da tribo de Levi:
"Porque os DÍZIMOS que os filhos de Yisrael oferecerem ao Senhor em OFERTA alçada, eu os tenho dado por herança aos levitas; porquanto eu lhes disse que nenhuma herança teriam entre os filhos de Yisrael.” (Números 18:24)
Nesta Mitzvá, até o dízimo sendo dado como OFERTAS deveriam ser direcionados aos LEVITAS e não para outros fins. Somente os da linhagem de Aharon atuavam como sacerdotes no Templo. Cabia, porém, aos levitas os serviços em geral que eram relacionados com o Templo. Normalmente, o dízimo era repartido entre eles. A décima parte do dízimo (portanto 1%) era entregue pelos levitas aos Cohanim/sacerdotes, em oferta ao Eterno:
“Também falarás aos levitas, e lhes dirás: Quando dos filhos de Israel receberdes os dízimos, que deles vos tenho dado por herança, então desses dízimos fareis ao Senhor uma oferta alçada, o dízimo dos dízimos.” (Números 18:26)
Portanto não tem disse me disse, certas religiões cobram dízimos sob o pretexto de que estão recebendo uma oferta, mas a Torah é clara, mesmo como princípio de Ofertas alçadas deveria ser entregue aos Levitas, que é de direito pois, lhes foi dado como HERANÇA, se não fazem isto, continuam ROUBANDO a herança dos Levitas e por sua vez ROUBANDO ao Eterno. Este era o conceito original da parte dos dízimos que cabia aos levitas e sacerdotes. Contudo, na ausência do Beyt haMikdash(Templo Sagrado), e praticamente todo o seu sistema sacerdotal religioso, seria justo, legal e correta diante do Eterno a cobrança do Dízimo sob todas as suas formas??? A resposta da Torah é um sonoro NÃO!!!!!!!!!
Dízimo também é doutrina de Roma:
Da mesma forma como a igreja romana fez com o Shabat, ela pegou o princípio da santificação do sétimo dia ao Eterno, da uma nova conotação e o transforma no santo domingo, dia santificado dos cristãos, assim, agindo da mesma forma, a ICAR agiu com o Dízimo, que é uma Mitzvá da Torah, Roma tira o Dízimo de seu próprio contexto da Torah, da uma nova conotação e cria o sistema de dízimo cristão, que é este seguido atualmente por todas as instituições religiosas cobradoras de Dízimo, eis aqui a lei do Dízimo instituída como DOUTRINA CATÓLICA, expressa no Catecismo católico da doutrina cristã:
“Fé Católica » Nossa Igreja. Os Mandamentos da Igreja - Os 5 Preceitos Importantes Da Igreja. 5º Mandamento: Pagar Dízimos, conforme o costume. O quinto mandamento da Igreja prescreve e adverte que os fiéis cristãos batizados em Cristo também são responsáveis e provedores da construção do Reino de Deus aqui na terra, providenciando os meios materiais com as ofertas ou dízimos, a fim de prover o sustento ou salário daqueles que lhes anunciam o Evangelho do Reino, ou seja, dos "pastores eclesiásticos" responsáveis pela salvação das almas e edificação do Reino de Deus aqui na terra, "pois o operário merece o seu sustento" (Mateus 10, 10); - manter, construir ou conservar o Templo erguido em honra a Deus; assim como, auxiliar a instituição religiosa católica através dos seminários, na formação dos sacerdotes para prestarem serviço a Deus e ao seu Povo. "A messe é grande, mas os operários são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da messe que envie operários para sua messe" [Mateus 9, 37-38]” (Catecismo católico da doutrina cristã, disponível em: http://www.nossasenhoradocarmo.com.br/Site/conteudo.asp?Mod=3&Sec=9&Id=mand_5mand)
Assim, observamos que, este sistema de dízimo cobrado hoje no cristianismo é doutrina de Roma, nada tem a ver com a Mitzvá ordenada pelo Eterno em sua Torah, por vários motivos, por ser um embuste, uma contrafação, uma farsa, pois, tudo que Roma põe as mãos torna-se uma farsa.
Dízimo na Aliança Renovada???
No contexto da Aliança Renovada não vigora o sistema de Dízimo até a segunda vinda do Messias, por dois motivos cruciais:
1º- O Templo de Jerusalém não se encontra em atividade, portanto, qualquer Mandamento relacionado a ele está suspenso.
2º- No contexto da Nova Aliança, não está em vigor o sistema sacerdotal levítico, pois o Templo de Jerusalém foi destruído pelos romanos, e ficará assim até o Messias retornar para reconstruí-lo: "E o meu Santuário estará com eles, e Eu serei o seu D'us e eles serão o Meu povo. E todos os gentios saberão que Eu Sou o Eterno que santifico a Yisrael, quando estiver o meu Santuário no meio deles para sempre"(Ezequiel 37:27-28)
O sacerdócio celestial do Messias é segundo a ordem de Melktzedek (Hebreus 7:21 e 22), portanto, não necessita ser administrado por homens, porque Yeshua não entrou em Santuário feito por mãos humanas, assim, qualquer tentativa de se desviar o contexto bíblico escriturístico para se cobrar dízimos na era da Nova Aliança, será uma FRALDE, e nem adiantam vir com textos descontextualizados como já é de costume, tentando encontrar algum respaldo nas palavras de Yeshua quando ele cita a palavra "dízimo", Yeshua tocou na palavra dízimo simplesmente porque o Templo ainda estava de Pé em sua época, e os israelitas cumpriam perfeitamente a Mitzvá do dízimo, mas após sua ascensão NENHUM apóstolo ordenou a alguma Congregação Nazarena que cobrasse dízimos dos fiéis, isso seria uma heresia, pois os apóstolos estariam usurpando um direito dado por D'us SOMENTE aos levitas sacerdotes de recolher dízimos, observamos sim, os discípulos incentivando a doação de OFERTAS e contribuições à Congregação, mas não o dízimos (ver I Coríntios 9:7).
O atual judaísmo tradicional cobra dízimos???
Todo judeu legítimo sabe que a Beyt haMikadesh não está funcionando, e por conseguinte, todo o sistema sacerdotal vigente está SUSPENSO, por qual motivo o judaísmo moderno cobraria Dízimos de seus fiéis sabendo que isto resultaria em uma Grave Violação da Torah??? Sendo assim, o judaísmo moderno NÃO TRABALHA COM O SISTEMA DE DÍZIMOS, e isto é um fato comprovado, nenhuma Sinagoga, seja de qual corrente for, Massort, Ortodoxa, Ultra Ortodoxa, Reformista ou Karaíta, NÃO COBRA Dízimos de seus fiéis, porém, observamos uma coisa curiosa em certas denominações pseudo judaicas, destas que se dizem crer em Yeshua como o Messias, algumas utilizam o mesmo sistema de dízimo instituído pela igreja romana, cobram dízimos de seus adeptos igual como se faz no cristianismo, VIOLANDO uma ordem expressa de D’us, de conduzir os dízimos a um determinado lugar, o templo, e aos seus representantes legais, os Levitas e Sacerdotes, na verdade são cristãos transvestidos de judeus que dizem ter saído de Roma, mas levaram algumas de suas doutrinas na bagagem, o que é uma grande PIADA pois, sempre observamos certos líderes religiosos destas denominações pseudo judaicas virem a pública TAXAR e meter o pau uns nos outros, sendo que não têm moral para falar nada, seria o sujo falando do imundo. Por isso, o autêntico Movimento Restauracionista organizados por judeus vindos do judaísmo moderno, que aceitaram o testemunho de Yeshua, não se dobram diante de doutrinas de Roma, não têm nenhuma ligação e nem defendem nenhum dogma romano, pregamos e defendemos somente a verdadeira Palavra de D’us, tendo como Regra de Fé e prática a Torah do Eterno, não temos nenhuma ligação com Roma.
Conclusão:
Temos observado que o homem contumaz sempre tenta dar um jeitinho brasileiro de passar a perna em D’us, ignorando e desprezando suas ordens para fins de obtenção de lucro rápido e fácil, conforme disse o apóstolo Shaul:
“Contendas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade seja causa de Lucro; Fujam destas pessoas.......Porque nada trouxemos para este mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes” (I Timóteo 6:5 a 8)
Assim, que possamos ouvir a vós do apóstolo do Messias q/ diz para fugirmos destas pessoas interesseiras que olham para você como uma $ifra, como também destas denominações pseudo judaicas que se dizem pregar um verdadeiro judaísmo mas que na verdade não passam de messigelismo sincrético romano. [20:11, 5/6/2016] +55 21 98569-2203: São estudos do meu blog sobre dizimo é bem completo